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UTILIDADE DOS ESPÍRITOS INFERIORES E IMPERFEITOS
Espírito algum fica sem as bênçãos de Deus, onde quer que seja. Todos se
movem pela vontade d'Aquele que os criou. Os Espíritos não desconhecem que
as almas foram criadas simples e ignorantes. É justo que compreendamos a
necessidade de que elas despertem para a vida maior, e é nessa luz de
compreensão que surge a liberdade, caminho para a felicidade espiritual.
Os Espíritos inferiores e imperfeitos, como retrata "O Livro dos
Espíritos", são comandados por Deus, pelos Seus agentes mais próximos para
executarem as Suas obras, na Sua casa universal. Todos eles têm deveres a
cumprir, e isso fazem mesmo que sejam inconscientes. Quantos, dentre
todos, pensam que fazem o que desejam fazer! Como se enganam!
O Universo, se podemos chamar assim toda a criação, tem uma direção
espiritual correta e pré-estabelecida por leis, leis essas vigiadas por
Espíritos puros, interligados ao Criador que a tudo percebe, por sentidos
que escapam aos dos homens. Ninguém, em relação a Deus, faz a sua própria
vontade. Sem a permissão do Senhor, nada se faz na vida. Para construção
de um grande feito, milhares de mãos operam, desde os serviços mais
simples, até aos mais elevados. Assim é na casa do Pai: todos tem
obrigações a realizar.
Compete a todos nós entender o que se deve fazer como tarefa útil. Quem
pensa que está destruindo, constrói na junção da própria obra. Nada se faz
sem utilidade. Estamos escrevendo por ser o nosso dever de anunciar as
leis que nos cercam e nos assistem, cooperando com os homens na grande
realidade de se buscar o amor, buscar o que já existe dentro de cada um.
Deves, tu mesmo, achar a tua felicidade, que não se encontra fora, mas, na
intimidade do teu ser. Somos revestidos por casca, qual a ave a nascer, e
devemos quebrá-la para nos libertarmos. Quando somos neófitos, o Senhor
nos ajuda por misericórdia, para sairmos das sombras, contemplando a luz
do dia.
Quem se encontra na luz, já passou pelas trevas. É nesse sentido que os
anjos têm tolerância com os Espíritos chamados imperfeitos e inferiores. O
dever do encarnado é o mesmo; quem tem mais luz, deve servir de cicerone
aos que não sabem o caminho. A Doutrina dos Espíritos constitui facho de
luz, com o dever de clarear consciências e fazer despertar a fé
esclarecida em todos os corações. Eis que surge para os homens uma
oportunidade de compreender as leis de Deus com mais profundidade, pelo
intercâmbio espiritual, ao qual servem de instrumentos os novos profetas,
que o progresso fez mudar o nome para médiuns.
O futuro pode, novamente, fazer mudanças, mas o trabalho é o mesmo, ou
sempre alcançando maior perfeição. A luz está cada vez mais intensa nas
consciências. Todos os Espíritos, pertencentes a qualquer escala na
evolução espiritual, têm seus deveres no grande edifício universal. A
inatividade não existe na casa de Deus. O que pensa estar em estado
inerte, é por falta de olhos para ver os movimentos na intimidade de cada
coisa. Movimento é vida, e quanto mais se move, mais se vive.
Na profundidade do assunto, podemos dizer que não há nada inferior nem
imperfeito, pois o que sai das mãos perfeitas não pode levar outro timbre
a não ser o da perfeição. O que ocorre com os Espíritos é que nascem para
a vida simples e ignorantes, mas com todos os recursos dentro de si, para
seu devido crescimento. A sabedoria do Cristo foi que nos fez desta
maneira. O Céu, Deus e a felicidade se encontram junto a nós, na cidade de
luz do coração.
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