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MORTIFICAÇÕES
Os povos que praticavam mortificações variadas, num passado que cada vez
mais se distancia, já estão convencidos de que pouco lhes valeram essas
torturas nos seus caminhos, já que foram motivadas pela ignorância. Nos
dias que correm, tal prática já perdeu seu valor, porque Jesus nos chama
na intimidade para outro tipo de trabalho, que deve começar dentro de nós
mesmos.
O corpo físico nos foi dado por amor. Engenheiros siderais trabalharam,
sob a supervisão do Cristo de Deus, muito tempo, para entregar ao Espírito
esse complexo de carne, como sendo a maior das maravilhas do mundo. Como
iremos, vestidos com ele, estragá-lo com privações que estão fora da lei
de conservação? Jesus veio silenciar essas extravagâncias e colocar o
homem na dimensão da sabedoria espiritual.
Graças ao Espiritismo com Jesus, a humanidade já se encontra mais
preparada para as mudanças de costumes, procurando conservar os corpos
como vestes da alma, para viver mais e dessa forma ganhar mais mérito,
ganhando a vida, no trabalho de ajudar aos outros a viver melhor. As
mortificações não dão exemplo de nada, pelo menos nos tempos atuais.
Vejamos os faquires: eles estão desaparecendo e no amanhã a lei deverá
proibir essas mortificações pessoais, que de nada servem para melhorar a
humanidade. Ao invés de ficarem enjaulados dois ou três meses em urnas, em
um jejum que em nada de positivo resulta, trabalhem por três meses para
melhorar uma família cujas privações a levam a situação de grande
desespero. Que seja prova dos familiares, mas o gesto de caridade é a
misericórdia de Deus, é o amor em pleno exercício de luz.
Não devemos querer testificar, nem arranjar desculpas de que as privações
voluntárias são para a iluminação da alma. Imaginemos se todas as
criaturas fossem seguir o exemplo d.e se mortificarem, o que seria deste
planeta?
Anotou João, no capítulo cinco, versículo trinta e um:
Se eu testifico a respeito de mim mesmo, o meu testemunho não é
verdadeiro.
Não precisamos mostrar o que somos; a nossa própria vida de acordo com as
leis de Deus é que testemunham e registram, em tudo o que tocamos, os
nossos atos. Mostrar ao povo que estamos iluminados por simples jejum, ou
nos enclausurarmos, isolando-nos da sociedade, nos dias de hoje é atestado
de ignorância. Se queremos organizar o bem, devemos entender Jesus e
seguir Seus passos. As privações que devemos fazer é com relação às
paixões inferiores, é privar-nos dos excessos da comida, da bebida, do
lazer desequilibrado, do excesso de palavras sem fundamento. A penitência
de carregar pedras de um lugar para outro só é meritória, quando nesse
lugar há alguém necessitando levantar um teto para alguém morar.
O que Jesus espera de nós, encarnados e desencarnados, é que trabalhemos
com equilíbrio e que estejamos sempre ativos no que diz respeito ao
trabalho interno, vigiando nossos pensamentos, Palavras e obras. A alma
deve ser consciente de que não podemos iluminar sozinhos; precisamos de
todos, como todos precisam nós. A cada um é reservado um trabalho em favor
do conjunto, e Deus opera por todos.
O maior mérito do Espírito é entender o seu dever ante a sociedade, e
aquele que amar mais na dimensão do Cristo é o que leva a cota mais
meritória. O coração responde, como o escrito em um livro de luz que todos
podem ler. O homem de bem é uma caridade volante nos caminhos da
esperança, é uma fonte inesgotável, onde todos os sedentos podem se fartar
da água da vida.
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