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ABSTENÇÃO
Muitos legisladores formaram certos preceitos, um dos quais é a abstenção
de certos alimentos, deduzindo que quem deles se alimentasse passava a ter
a mesma natureza do ingerido, assim como certos povos primitivos
acreditavam que, devorando seu irmão guerreiro, herdavam a sua bravura.
O tempo passa, e está passando a época de abstenção das coisas externas,
vindo o homem a se fazer de esquecido do mundo interno, cheio de hábitos e
vícios contrários às leis de Deus/0 homem pode alimentar-se de tudo que
não o prejudique. Cada organismo é um mundo com as suas necessidades
diferentes, de acordo com o despertamento da alma. Uma lei que obriga a
todos indistintamente àquilo que o Espírito individual poderia selecionar,
deve cair, pela força do progresso.
A abstenção, por algum tempo, foi para fazer parar o abuso daquelas tribos
inconscientes que procuravam adorar ao Senhor com o sangue derramado dos
animais. A abstenção que devemos fazer é do ódio, da inveja, do ciúme, da
prepotência, do orgulho e do egoísmo. Comer isso ou aquilo, ou deixar de
comer, não ilumina nem atrasa ninguém, desde quando se use de
discernimento. Somente o equilíbrio faz nascer a tranqüilidade na cidade
da alma.
Certos governantes estabelecem leis para dirigirem seu povo, e dizem que
elas são oriundas de Deus, para temor dos dirigidos. Isto é uma certa
opressão necessária, porém, à faixa de evolução de cada tribo, de cada
povo. Convém notar-se Moisés que, dotado de mediunidade, ante os que o
seguiam em plena ignorância, tinha de fazer leis e falar que eram ditadas
por Deus, para que fosse obedecido. Hoje se sabe que eram os Espíritos que
falavam a Moisés, enviados por Jesus, de modo que o legislador hebreu
pudesse fazer muitas outras para o bom andamento da sua missão.
Muitos condicionaram-se em certos mandamentos, como vindos do Criador, não
tendo condições para raciocinar que não era necessário ao Todo Poderoso
trazer a um homem um punhado de mandamentos, quando Espíritos ainda
ligados à Terra poderiam fazê-lo. Não é.por exemplo, um pedaço de carne
animal que vai perdera alma, que vive no mundo da mesma carne. O
condicionamento por dentro, no processo das reencarnações sucessivas, vai
expelindo o imprestável e colhendo o real, pois, para tanto fomos criados.
Notemos que o índio grita, vem à sociedade para reclamar a invasão do
branco, da investida da civilização, das mentiras do homem civilizado e da
ciência adotada por ele, das coisas que usa, do barulho das grandes
metrópoles e outras coisas mais, no entanto, começa a usar as coisas que
os civilizados usam, lá mesmo, no seu "habitat" Muitos deles vêm
devagarinho acomodando-se com as coisas da civilização. Crescer é uma lei
natural. Com o tempo, mesmo com toda a proteção que a lei dos homens lhes
oferece, tendem a desaparecer todas as tribos de índios da Terra.
Qual o civilizado que sai do seu conforto moral e físico para morar junto
aos primitivos, sem usar do que já aprendeu com a civilização? Alguns
missionários podem ir a eles para ajudá-los e instruí-los, pois cabe aos
que se encontram na frente, ajudar aos que se encontram na retaguarda.
Não devemos deixar enraizar em nossas consciências as imposições dos
legisladores que, como deuses, passam a criar preceitos inconvenientes por
toda parte, a não ser que os que os acompanham sejam almas primitivas que
precisam de guias exigentes, para que o vício não grasse como
condicionamento nas suas almas, que são ainda crianças em busca de
tutores. Os povos de hoje não são os povos de ontem; tudo muda de feição
espiritual e mesmo física.
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