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MÉRITO DA ABSTENÇÃO
Toda abstenção que visa ao benefício coletivo é meritória ante a grandeza
espiritual da vida, por significar amor. Mas, quando a abstenção de
qualquer coisa somente visa à vaidade, com a intenção de que os homens
vejam e aplaudam, é falta grave, por alimentar o orgulho e a satisfação
interior com ilusões passageiras.
Quem quiser expiar alguma falta de que a consciência lhe possa acusar, não
precisa pressa, porque Deus não a tem. Basta entregar as mãos ao bem
comum, que a bondade divina proverá seus passos do necessário para a
leveza do seu fardo.
A limpeza cármica das criaturas somente se faz pela direção divina e na
hora em que o mundo espiritual, que responde pelas criaturas, achar
conveniente e quando essas almas tenham estrutura para o devido resgate.
No entanto, quando o Espírito em questão desconfia que é devedor e que já
tem alguma compreensão sobre seus débitos, deve se entregar ao trabalho da
caridade que, na expressão dos Espíritos benfeitores, "é um gênio de mil
mãos". Mas, que se faça tudo por amor e com amor no coração.
Os conselhos que podemos dar aos companheiros da Terra, que se movem em um
corpo humano, é que tudo que venham a fazer, mesmo o mais simples
trabalho, que o façam perfeito, porque a perfeição carrega consigo a
tranqüilidade e a harmonia que vibra em favor de quem o faz. Ainda que
esse trabalho seja uma simples higiene corporal, o pregar um botão, o
vestir uma roupa ou pentear o cabelo, que não saia das normas da perfeição
e da rota da naturalidade.
Devemos copiar a natureza em todos os seus contornos, que sempre
acertaremos no que devemos fazer, porque a natureza se expressa pela
vontade de Deus. Jesus sempre falava que somente fazia a vontade de Deus.
Isso é muito profundo e nos serve de exemplo.
João anotou no capítulo sete, versículo dezesseis, o que o Mestre disse
com grande propriedade:
Respondeu-lhes Jesus:
O meu ensino não é meu, e, sim, daquele que me enviou.
Tudo vem de Deus, e nada se faz sem a Sua magnânima vontade, e os
Espíritos são Seus agentes, canais esses que cumprem fielmente a Sua
determinação.
Não queiramos passar por privações voluntárias por conta própria, da
maneira que entendemos, onde a vaidade é o móvel e o orgulho espera
aplausos. Se tivermos alguma conta a saldar com a consciência, como todos
temos, esperemos em Deus, que Ele sabe o que fazer e dosar os nossos
fardos com as nossas possibilidades. Empreguemos, pois, o nosso tempo
disponível no bem comum, no ambiente da fraternidade pura, que o mais virá
quando necessário, fazendo a nossa evolução, de modo a despertarmos as
qualidades de ouro que Deus depositou em nossos corações.
Abster-se de alimentos com promessas ilusórias, enfraquecendo o organismo
que deveria estar forte para o trabalho, é fazer duas dívidas para o
futuro. Quando o Senhor achar conveniente, teremos a oportunidade para os
devidos resgates ou privações dolorosas.
Deus, novamente falamos, não tem pressa, mas não pára de operar.
Se quisermos aliviar os fardos e os jugos, comecemos a trabalhar dentro de
nós mesmos, aprimorando os nossos dons, disciplinando as nossas
qualidades, iluminando os nossos sentimentos porque, nesse esforço,
teremos o apoio dos benfeitores da eternidade, a nos ajudar na busca da
paz.
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