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POVOS PRIMITIVOS
A atrocidade está mais ligada aos povos primitivos, porque de certa forma
a civilização começa a educar os homens em muitos aspectos. O progresso
vem de Deus, e nele o Senhor faz vibrar algo mais de amor, de modo que no
avançar dos povos eles deverão encontrar a necessidade de viver bem com os
seus irmãos em caminho.
Nos povos primitivos, a matéria é mais bruta, e o Espírito, estando nas
primeiras vivências na Terra, ainda não se capacitou no seu domínio. Ele
vive sob a égide dos instintos. O tempo é que lhe dará a força para
amaciar, se esse for o termo, as próprias faculdades inerentes à matéria.
Se o Espírito precisa da matéria para crescer, para despertar seus
valores, a matéria, igualmente, precisa do Espírito para se
intelectualizar, enfim, para despertar no aglomerado de energias os dons
que Deus lhe deu, igualmente.
Matéria e Espírito se confundem no raciocínio que busca a verdade. Na
verdade sabemos que tudo vem de Deus. Assim, o bárbaro o é não por sua
culpa, mas porque está agindo segundo a lei da evolução, que atua nele e
fora dele. São caminhos que ele deve trilhar para despertar, tendo
oportunidade de trabalhar dentro de si e conquistar seus próprios valores.
A Doutrina Espírita deixa para os homens aberturas sem fim, para que
possam entender as leis de Deus. Ninguém é culpado da ferocidade dos
animais, nem eles mesmos. É característica deles, para seguirem a mesma
linha que o progresso lhes traçar. É o seu modo de ser, e depois que eles
mudam de feição, pelos processos evolutivos, ganhando o estágio do homem,
levam consigo alguma coisa do que foram anteriormente.
Precisamos ter olhos para ver as coisas de Deus na sua devida harmonia. Se
o Espírito foi criado simples e ignorante, o seu despertar lhe custa caro;
ele passa por porfiadas experiências, e em cada uma delas sofre as
conseqüências do que elas apresentam, mostrando à alma que deve lutar para
vencer as qualidades inferiores e adquirir a plenitude da vida, que é o
amor. A ferocidade da alma é condição da sua imaturidade, e o tempo vai
lhe mostrar o esforço próprio como prêmio da conquista de evolução.
Deus nada faz errado. Os povos primitivos não ficarão eternamente neste
estágio: eles avançam, como os demais, para a angelitude. Verdadeiramente,
o Senhor não tem pressa, mas não pára de nos instruir em todos os rumos da
vida.
O ser humano tirânico é amostra que se encontra na retaguarda. Ainda que
tenha nascido em plena civilização, ele ainda não absorveu as qualidades
que a educação proporciona. Jesus está vendo tudo e, pacientemente,
derrama sobre todas as criaturas o Seu amor em diversas formas, de modo
que todos compreendam e respirem essa virtude singular.
Comparando os corpos do primitivo homem com o corpo do homem de hoje,
civilizado, as diferenças são enormes, no seu modo de ser. No primeiro, a
matéria domina; no segundo, o Espírito dirige, ganhando qualidades na
ponderação que o progresso determina.
É por essa razão que não podemos condenar ninguém, mas procurar ajudar
todos aqueles que estiverem em nosso caminho e que temos condições de
amar, porque todos passamos pelos mesmos caminhos da chamada brutalidade,
pelos mesmos erros e distorções.
Vejamos o que Jesus disse à mulher adúltera, que João anotou, no capítulo
oito, versículo onze:
Respondeu ela: Ninguém, Senhor.
Então lhe disse Jesus: Nem eu tão pouco te condeno;vai e não peques mais.
Jesus sabe que todos que se encontram na Terra para se educar cometem
faltas. Agradecemos ao Mestre por nos revelar essa verdade e nos ajudar a
compreender mais de perto essa filosofia divina do amor.
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