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FUGA DO MUNDO
Há muita diferença entre os que fogem do mundo para beneficiar a
humanidade e os que entram em reclusão por motivos que o egoísmo inspira.
São motivos pessoais, motivos ilusórios. Os primeiros são homens bem
intencionados, que descem, muitas vezes, de altos postos já alcançados,
para se misturarem com os sofredores, com os famintos, os nus e os
encarcerados, levando para eles o consolo, a veste e o alimento. São esses
os bem-aventurados. Eis aí onde não existe egoísmo, desaparecendo a
vaidade. Nos segundos, o amor próprio entra em evidência, mostrando o que
a pessoa é, na escala da vida.
Convém anotar que Jesus fugia do mundo de vez em quando, no sentido de
buscar forças no Pai de todas as criaturas, para beneficiar a muitos, mas
Ele não ficava na inatividade.
Os que fogem do mundo por instantes, para buscar conforto em favor dos que
sofrem, têm duplo mérito: não ficam na ilusão, ao tempo em que colhem
recursos para que a caridade se expresse pelos processos do amor.
Os que fogem das extravagâncias da sociedade não estão em recolhimento
absoluto; eles se afastam dos grupos de pessoas que ainda não encontraram
a verdade, e gastam seu precioso tempo no bem dos que realmente precisam
de ajuda, aos que já compreendem o aproveitamento do tempo, na aquisição
do bem eterno. Esses são bem-aventurados, por sentirem prazer em ajudar.
Toda religião, filosofia, e mesmo ciência, cujos alicerces não sejam
baseados no trabalho não inspiram confiança, ainda mais, que esse trabalho
seja para o bem da coletividade, porque o trabalho no bem, é o mesmo amor
em função perfeita com a caridade.
Porque a nossa glória é esta:
O testemunho da nossa consciência. (II Coríntios, 1:12)
A nossa consciência em Cristo deve aprovar os nossos atos no mundo,
provando assim que já alcançamos a verdade, passando a viver em harmonia
com Deus. O que se movimenta na nossa intimidade é um mundo ainda
desconhecido para a mente presente, em pleno vigor de vida de que o
raciocínio nos dá notícia.
A grandeza dos nossos dons é sobremaneira incompreensível para as deduções
comuns. Os poderes de Deus em nós estão se dilatando cada dia que passa,
para corresponder à vontade do Criador. Tudo vem de Deus; até os nossos
próprios pensamentos já vêm criados na maneira sutil, como hálito divino,
chegando em nós com a predisposição de se tornarem idéias. é por isso que
somos co-criadores da vida. Deus nos delega essa grandeza de participar
com Ele na motivação da vida imortal.
Os companheiros que trabalham junto aos desvalidos, podem até serem
diminuídos às vistas humanas; entretanto, eles crescem sempre com a
modalidade simples de ajudar. Dentro deles vibra o amor, que não deixa de
ser o céu, onde existe Deus em conexão divina com Jesus Cristo.
Aos espíritas, aos quais estamos falando particularmente, prevenimos que
não devem se entregar ao egoísmo, ao isolamento das suas faculdades, mas
usá-las para o bem que devem fazer em todas as direções. O tempo passa, e
a oportunidade desaparece. Na nossa existência há muitos ensejos que
devemos aproveitar na obra do bem, mostrando a Deus, mesmo que Ele já o
saiba, que despertamos para os trabalhos de luz.
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