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CIVILIZAÇÃO
A civilização é um progresso nos seus primeiros passos. A obra completa é
demorada, bem assim a perfeição, que se opera em todas as coisas e,
certamente, nas criaturas.
Não olvidemos que Deus está presente em toda a criação, transmitindo
ordens e instruindo a cada coisa nos seus devidos lugares e a cada
criatura no nível a que pertence. Esta é a justiça, o próprio amor.
A civilização, como acham certos filósofos que não atingem a profundidade
das leis de Deus, não se encontra em decadência. A lei de Deus não
regride; tudo avança do modo que o Senhor determina. Mesmo que queiramos
recuar, Deus não permite. Queiramos ou não, somente vamos para frente.
Toda idéia de regressão é por falta de visão espiritual dos iludidos.
Compete a nós outros analisar a natureza.
Pouco valeriam os esforços dos teóricos em divulgar as leis, sem dar
cumprimento a esses conceitos do Evangelho. É preciso, entretanto, ter
paciência com eles, pois o fruto não vem antes da flor. A teoria é a flor
e a prática, o fruto. Devemos obedecer a uma seqüência de vida para que a
harmonia possa se expressar, trazendo-nos a paz no coração.
Tudo no mundo depende do tempo: sem ele, como virá a maturidade? Assim é
em tudo que se conhece. Mesmo as crianças, com as quais estamos
constantemente em atividades, a sua formação de pessoas de bem depende de
muitos anos, escutando o que lhes é dito aos ouvidos todos os dias. é essa
a função da teoria.
Como pode a prática vir antes do saber? A razão apurada nos informa ser
impossível. Como condenar a civilização? Ela é portadora de muitas coisas
nobres, e o tempo é que vai mostrando aos homens o que existe de bom nela.
As mãos do tempo tornam-se selecionadoras das lições imortais do amor
entre os homens.
Nos primórdios da civilização, há quase quatro mil anos, Moisés manda,
pela dureza dos corações dos homens, por eles não entenderem de outra
forma, aplicar a justiça nos perseguidores e apedrejar as mulheres
adúlteras, além de outras coisas mais que a civilização fez desaparecer
das tábuas da lei moderna e cristã. Depois veio Jesus, dando cumprimento à
Lei do Amor, como Lucas anotou, no capítulo seis, versículo vinte e sete:
Digo-vos, porém, a vós outros que ouvis:
Amai aos vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam.
Isso é fruto do esforço de toda a humanidade no aperfeiçoamento
espiritual. É produto da civilização Como pregar o Evangelho de Jesus para
uma geração primitiva, que mal sabe pronunciar as letras do alfabeto?
Certamente que o desenvolvimento intelectual, no princípio, sem os freios
do moral não pode compreender o objetivo da civilização verdadeira, que
marca nos corações os primeiros sinais da verdade e do amor.
Um país altamente civilizado, mas sem educação dos sentimentos, toma
caminhos perigosos, e disso se tem exemplos, que não faltam na sociedade
humana. O que os filósofos devem condenar, se querem perder tempo com
condenação, é o abuso dos homens e, por vezes, deles mesmos, na vida que
levam, dos poderes que a civilização lhes entrega, e não a apontando como
marco desastroso na vida dos povos.
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