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INSTABILIDADE DAS LEIS
Quanto mais próximo está o homem do princípio da formação da sociedade em
que vive, menos tempo duram as suas leis, que são feitas pelos mais
fortes, visando unicamente os seus interesses pessoais. Quanto mais cresce
a humanidade espiritualmente, mais as suas leis visam à coletividade.
Observemos os ensinamentos de Jesus: o Mestre nada pedia para Ele; tudo o
que falou e viveu foi em benefício da humanidade. Ele renunciou totalmente
a qualquer conforto para si mesmo, e chegou a dizer, de certa feita, que
não tinha uma pedra sequer para reclinar a cabeça. Ele vivia em Espírito e
verdade. Acontece o contrário com as nações que alimentam o orgulho e o
egoísmo, somente querendo para si, esquecendo-se totalmente dos seus
irmãos que moram na mesma casa de Deus. Por isso é que as leis humanas são
instáveis, a sua vigência é passageira.
Com a maturidade, as leis mudam-se mais lentamente, até atingir a
obediência às leis de Deus, que são imutáveis e, conseqüentemente,
eternas. Dali em diante, as leis humanas vão mudando para melhor e em
favor da coletividade, pois os fortes que fazem as leis sabem que precisam
dos fracos para viver. As nações mais inteligentes, que já descobriram o
valor do homem, passaram a investir mais recursos nos homens e menos nos
bens materiais.
Quando o homem abandonar o desejo pelo supérfluo, quando tiver a
felicidade de saber renunciar em favor da coletividade, e quando o Estado
compreender que o povo merece ser tratado com justiça e igualdade, não irá
faltar nada a ninguém. Haverá, como disse a Bíblia, novos Céus e nova
Terra, onde haverá abundância de mel e pão para todas as criaturas.
A mãe de dois apóstolos, citada por Mateus, no capítulo vinte, versículo
vinte, representa a humanidade, quando pediu a Jesus como se segue:
Perguntou-lhe Ele: Que queres? Ela respondeu:
Manda que, no teu reino, estes meus dois filhos se assentem, um à tua
direita e o outro à tua esquerda.
Ela não pensou na humanidade, mas nos seus dois filhos. Jesus respondeu
sabiamente, dizendo que a escolha não pertencia a Ele, mas ao Pai que está
nos Céus, porque o Mestre sabia que para acompanhá-Lo para as esferas
resplandecentes, era preciso maturidade, e que todos podem fazer parte do
Seu rebanho, vivendo no céu da própria consciência, não por sua escolha,
mas pela ação do progresso, do tempo, da maturidade espiritual.
Respeitamos o amor daquela mãe, contudo, o amor precisa se universalizar,
para que possa ser verdadeiramente chamado de amor. O amor que somente se
interessa por uma pessoa ou por uma família, ou mesmo por uma só nação, é
instável; pertence à legislação humana, e não às leis divinas, que a todos
doam, que a todos servem, que a tudo renunciam, que amam a tudo e a todos.
As leis humanas são variáveis e progressivas na infância da humanidade,
para depois se estabilizarem com a purificação ou despertamento das
qualidades que ainda dormem no centro d'alma. Deus espera, porque sabe que
todos irão participar do reino da felicidade, quando cada um ficará onde
couber a sua evolução espiritual.
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