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O RICO E A CARIDADE
O rico certamente tem melhores chances de prestar serviços ao próximo, de
fazer a mais bela caridade que se possa praticar, que é aquela de
oportunizar ao pobre a ganhar o seu sustento, para viver feliz com a sua
família. No entanto, é o que não faz a maior parte dos ricos; uns são
obrigados a fazê-lo porque dependem do trabalho daqueles, e não
multiplicam seus bens sem os braços dos chamados miseráveis.
Com a riqueza, as suas necessidades materiais crescem e eles gastam o que
não deveriam em viagens pouco úteis a lugares que os atraem, inspirados na
vaidade e mesmo no orgulho. Assim, vão embrutecendo cada vez mais seu
sentimento de caridade, que deveria ser exercitado com aqueles que os
ajudam a ganhar a fortuna. Enquanto gastam milhões em jornadas para
conhecer outros povos, seus assalariados passam fome, frio e, por vezes,
não têm teto, nem os seus filhos têm escolas. É certo que muitos vieram
com a provação da pobreza, mas o que é desperdiçado poderia amenizar seus
sofrimentos.
Quando o rico se lembra da caridade, ele exige, muitas vezes, tanta coisa
das pessoas e das casas de caridade, que esfriam esse sentimento no
coração. Não sabe o rico que a riqueza e a alta posição que ela traz é
porta para o despenhadeiro das imundícies morais, o incentivo para a
negação de tributos e o endurecimento do coração para com a sociedade
submissa, que o ajuda a viver na fartura.
O mau rico nunca quer saber das coisas espirituais. Acha que o dinheiro
faz tudo e oferta, por vezes, alguma coisa para as instituições
religiosas, como porta para a salvação, sem saber que não é por esse meio
que se salva e, sim, pela caridade que não desfigura o amor. Somente pode
se salvar, se aplicar a auto-disciplina, reformando os velhos sentimentos
das paixões inferiores, quando apagar o orgulho e o egoísmo, quando a
renúncia atingir seu coração, de modo a levá-lo a administrar seus bens
sem ser apegado a eles.
Jesus, o dono de tudo, o dirigente do planeta, disse: "O filho do homem
não tem uma pedra para reclinar a cabeça". O rico do mundo tem em suas
mãos inúmeros meios de fazer o bem, mas faz, quase sempre, o mal com o
ouro que possui.
A riqueza e o poder podem dar origem a todo o tipo de paixões inferiores,
desvirtuando os mais elevados sentimentos. Ricos, deveríeis falar qual
Francisco de Assis, ante a lembrança do Cristo:
- "Senhor, que quereis que eu faça?" Em seguida, abrir os ouvidos para
escutar a resposta do Mestre e passar a viver o que Ele diz no Evangelho
da vida; fazer a caridade e praticar o amor, aquele que emana de Deus,
nosso Pai.
Se é difícil um rico entrar no reino do céu, o pobre não tem facilidade
também, porque a todos os dois falta maturidade espiritual. Somente
conhecendo a verdade pode-se ser livre, de modo que a consciência fique
imperturbável para sempre. E para conhecermos o Espírito livre, Lucas
registrou a fala do Mestre, no capítulo doze, versículo vinte e nove:
Não andeis, pois, a indagar o que haveis de comer ou beber, e não vos
entregueis a inquietações.
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