FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME XVII

 

Questão 827 comentada

CAPÍTULO 11

0827/LE

OBRIGAÇÃO DE RESPEITAR

 

Se o homem não respeitar seu companheiro em caminho, como poderá exigir que seja respeitado? E como ficaria o mundo se não houvesse esse respeito mútuo? Se retornarmos à Idade Média poderemos imaginar como ficaria...

Temos obrigação espiritual de observar o direito dos outros porque se não agirmos assim, estaremos desrespeitando o próprio Deus que criou todos iguais.

Disse Jesus, analisando os dez mandamentos dados a Moisés:

Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos.

E acrescenta o Mestre:

- Aí estão todas as leis e os profetas.

Nossos direitos são limitados pelos do nosso próximo. Os limites são traçados por Deus, para a paz de todas as criaturas. Criaram-se leis, por causa da ignorância dos direitos alheios. Quando toda a humanidade compreender o amor e amar no sentido universal, certamente que não será mais necessário recorrer às leis.

Um cientista ou um mestre não encontra mais sentido nos primeiros anos de estudo em uma escola básica. Se quer aprender mais, avança mais além. Os primeiros anos de escola são para as crianças. Assim é na vida; as primeiras leis de disciplina são para os indisciplinados.

Jesus já dizia: - "Não façais aos outros, o que não quereis para vós." Podemos perguntar a nós mesmos em monólogo: queremos ser desrespeitados? Certamente que não; então, respeitemos os outros, que a justiça nos devolverá segundo fizermos.

O respeito aos outros nunca tira o direito de pertencer a si mesmo, porque cada criatura é um mundo onde vibram todas as leis universais, que comandam o Espírito imortal para a paz de todo o complexo físico, que se interliga no mundo espiritual, pois tudo saiu da mesma fonte divina. Os dois mundos se entrelaçam, em junção harmoniosa, porque sem um o outro não pode viver.

As necessidades humanas recorrem sempre aos valores do Espírito. Vejamos o que aconteceu com Paulo, citado em Atos dos Apóstolos, no capítulo dezenove, versículo seis:

E impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas, como profetizavam.

Como não respeitar os outros, se precisamos deles? Foi preciso o Espírito intervir pelos canais mediúnicos de Paulo, para ajudar, curando e instruindo aos que precisavam das bênçãos de Deus. Se queremos paz, façamos boas obras onde estivermos, que essa paz se transforma, por justiça, no que possa nos fazer bem. Somos o que fazemos pelos outros. Não é preciso que os olhos humanos nos acompanhem os passos; a nossa própria consciência guarda o que pensamos e fazemos. Ainda mais, emitimos imagens do que pensamos, empregando o fluido cósmico como livro da natureza, onde nós mesmos escrevemos nossa condenação ou absolvição.

As leis de Deus não erram em seus julgamentos e entregam a cada um o que se fez para merecer nos campos da vida. Cada existência que tivermos é, pois, uma página que escrevemos. Nós mesmos iremos lê-las depois, e o tribunal da consciência decidirá o que receberemos pelo que fizemos. Essa é a lei.

A consciência é Deus dentro de nós, como centelha abençoada, que tudo grava sem precisar de acusar nem perseguir aos que erram. O próprio Espírito se condena, pelo que sobe da profundidade do ser para a mente, que é parte da consciência profunda. Se amarmos como o amor se expressa na vida, estaremos amando a Deus e ao próximo, e somente o amor nos salvará da opressão da consciência.

A nossa liberdade natural cresce com o crescimento da fraternidade universal exercida em nossos caminhos.

 

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