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A VONTADE
Acresce notar-se que a vontade na alma constitui uma força poderosa na
seqüência da sua vida. O poder da vontade realiza prodígios,
principalmente dentro de nós, no entanto, é bom que se note que, para
termos uma vontade poderosa, necessário se faz o alcance da maturidade
espiritual.
As leis que regem a vida não podem ser interpretadas com uma palavra
somente; elas têm uma área imensa a ser descortinada. Eis aí como muitos
se enganam, querendo mostrar a lei de Deus em um simples livro que apenas
copia a natureza, sem que a verdade esteja nele totalmente. Um livro, o
melhor que seja, nos mostra uma simples claridade da lei vigente e
vibrante em todos os reinos. Não devemos esmorecer. Estamos caminhando
para a espiritualidade maior, e essa caminhada se faz passo a passo. Deus
não tem pressa, mas nunca para, e os nossos olhos, tanto de encarnados
quanto dos fora da carne, vão se abrindo frente à verdade, pelos processos
do tempo-espaço, que é a ação de Deus nos acordando para os cumprimentos
dos nossos deveres.
A própria Doutrina dos Espíritos não tem a pretensão, e nunca teve, de
revelar todas as leis, de fazer o homem conhecer a verdade total. Não é a
sua finalidade; o que ela pode fazer e se encontra fazendo, é
gradativamente ir nos mostrando o que podemos suportar, pelos meios de que
dispõe e pela vontade de Deus.
O ser humano, pela sua vontade, pode mudar muita coisa nas linhas do
destino, e a vida que levamos, mesmo no mundo espiritual, é cheia de
mudanças que a vontade pode fazer. Entretanto, essa vontade somente
encontra apoio para o que ela realiza, nas experiências acumuladas, o que
quer dizer na maturidade espiritual.
Uma alma primitiva nada pode fazer com a sua vontade apenas seguindo o
bem, aquele caminho que o Espírito iluminado trilha, por já ter colhido em
suas várias vidas sucessivas um celeiro de advertências e milhares de anos
lutando entre os infortúnios e as dores, como duras lições, porque somente
assim pode o Espírito iluminar a consciência e expandir o coração. A
vontade naquele que não tem experiências colhidas em muitas vidas, nada
vale, por não saber usá-la, nem escolher seus próprios caminhos.
Podes conhecer melhor o que é a vontade, notando, como experiência, o que
fazem os cientistas quando enviam uma nave ao espaço; depois que ela voa
ganhando milhares e milhares de quilômetros, aí é que se faz a correção da
sua rota. Assim é a alma; a correção da sua rota é feita depois de muitas
reencarnações, somente depois que a nave humana sai para os caminhos do
bem. No Espírito que não tem bases para a reforma dos seus costumes as
mudanças são aparentes. Elas se processam apenas externamente, sem nenhum
motivo interno. É necessária a teoria, para com o tempo aparecer a
prática.
A vontade cresce com o tempo. Não existem outros meios e ninguém foi
criado diferente do outro. Todos somos iguais, na igualdade que as leis
nos mostram, porque Deus, sendo Pai de todas as criaturas, pelo Seu amor
não iria criar Espíritos diferentes entre si. Os caminhos para o
despertamento das criaturas são variáveis, porém, o peso e as experiências
são os mesmos, têm as mesmas forças educativas. A vontade tem um poder
muito grande em nossas mudanças, mas quando essa vontade se alicerça na
educação e na disciplina, sendo que essa educação e essa disciplina
somente ganham terreno quando começa a aflorar na alma a maturidade
espiritual. Assim são todas as virtudes: só nascem no clima do despertar
para a vida.
"O Livro dos Espíritos" é o livro basilar da Doutrina dos Espíritos,
entretanto, é preciso que o leiamos com muita atenção, porque muitas
respostas se completam, estando umas distantes das outras, na disposição
do livro. Vamos transcrever o que Paulo fala a Tito, no capítulo um,
versículo quatorze:
E não se ocupem com fábulas judaicas, nem com mandamentos de homens
desviados da verdade.
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