FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME XVIII

 

Questão 869 comentada

CAPÍTULO 02

0869/LE

CONHECER O FUTURO

 

O futuro conserva-se oculto ao homem, com a finalidade educativa, para que as lutas não cessem no decorrer da sua existência. Se todos os homens tivessem conhecimento do futuro, seria uma catástrofe nas suas vidas; eles iriam lutar para não passarem pelas provas que deveriam enriquecer suas experiências para a verdadeira felicidade.

Deus é amor, mas não tira de nossos ombros o fardo que devemos e precisamos carregar. Para isso fomos feitos, para passar pelas provas e delas tirar, pelo livre arbítrio, as lições indispensáveis ao nosso burilamento espiritual. Já falamos alhures que o Espírito, em todas as circunstâncias, é puro, por ter saído das mãos puras. Deus não iria criar Espíritos impuros, sendo Ele perfeito. Devemos raciocinar sobre isto.

O Espírito tem uma linhagem de corpos para vestir, com trocas imensuráveis deles, dependendo do seu estágio evolutivo. Convém a todos nós entrar em observação com.nós mesmos para encontrar Deus na sua pureza, vibrando em nossos corações e em nossas consciências.

Preocuparmos em demasia em conhecer o futuro e voltar ao passado é perda de tempo, sendo que esse tempo deveria ser usado para disciplinar o comportamento espiritual da alma, buscando entender e viver .o amor. Em certas fases da vida, o Espírito entra em um determinismo capaz de levá-lo a certo despertamento espiritual, de modo a dominar forças e se livrar de muitas imposições da natureza.

Nós, do mundo espiritual, estamos encarregados de conversar com os homens, fazendo, por vezes, considerável esforço para este mister, mas o fazemos com alegria, no esforço constante de sentir igualmente amor nesta tarefa. é necessário saber que o passado já se foi e o futuro será de acordo com o presente. Somos todos semeadores, de forma a colhermos o que plantarmos nas consciências alheias.

Quantas pessoas, em muitos países, desejam fortemente conhecer o futuro, dando explicações descabidas! Algumas delas recebem alguma coisa do que pedem, acabando por desistir de viver, reclamando do fardo demasiadamente pesado. Não queremos dizer que ninguém conhece o passado e o futuro; às vezes, Deus o permite, e muitos dos insistentes em conhecer as suas vidas pregressas e futuras acabam misturando as vidas, e as bênçãos dos céus colocam-nos em certos hospitais, para que se reestabeleça a harmonia. É neste sentido que o Senhor deixa escondido o futuro, assim como o passado, e ainda inspira as criaturas nas lutas para construir sua paz.

Lucas anotou um tópico no Evangelho, no capítulo um, versículo trinta e cinco, que nos serve de advertência, nesse sentido de conhecimento do futuro:

Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus.

No caso, o futuro seria de luz, e quando no caso de muitas criaturas cujo futuro será de trevas? Como iria proceder? O procedimento deve ser quando testado no conhecimento do porvir.

E aconteceu com Maria, mãe de Jesus, como abaixo transcrevemos:

Então disse Maria:

Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra. Neste ponto, o anjo retirou-se. (Lucas, 1:38)

O Espírito destinado a nos revelar o futuro, quando isso acontece, logo se retira, nos entregando ao próprio destino, de maneira a escolhermos os nossos caminhos.

Se uma coisa tem que acontecer para o nosso bem, inútil perder tempo com ela. Cuidemos, pois, de fazer o bem por todos os meios possíveis, porque assim o fardo se alivia, e o jugo do nosso passado tornar-se-á mais suave. Se o teu passado foi comprometido, o teu futuro está escrito pelas tuas próprias mãos. Como alterá-lo por palavras, somente pela vontade? A borracha é o tempo, com o esforço contínuo de anos ou séculos a fio, de maneira que a lição se aprofunde na consciência do bem e do amor.

Se não nos lembramos do passado, e o futuro Se nos encontra escondido, é por vontade de Deus. Não queiramos mudar o destino traçado pelo Criador. Façamos como Maria, dizendo: "- Faça-se em mim segundo a Tua vontade."

 

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