0878/LE
LIMITE DO DIREITO
O que faz com que o homem reconheça os limites dos seus direitos, é
colocar-se no lugar do outro, e sentir as suas limitações. Se acreditamos
que tudo vem de Deus, Ele não se esquece de inspirar a todos os Seus
filhos sobre as linhas divisórias dos seus direitos, onde começa o dever.
O homem sabe, por intuição divina, até onde pode ir, e passar a respeitar
seu irmão. Se analisarmos bem o quanto o próximo nos ajuda a viver, nós
nem chegaríamos às fronteiras a respeitar. O Evangelho de Jesus é um
código universal, capaz de levar o homem à condição de angelitude, pelo
elevado procedimento, por despertar nos corações a justiça e o amor para
com Deus e o próximo.
Não devemos ter limites para respeitar, nem para amar, nem para perdoar;
os limites foram feitos por causa do egoísmo e do orgulho, invasores dos
direitos alheios, usurpadores dos esforços dos outros, estabelecendo assim
a desarmonia por toda parte.
Os direitos naturais das criaturas são iguais. Deus não iria fazer
diferença entre elas, entretanto, a consciência dentro de cada uma sabe
regular os direitos de todos, criando ambiente para a educação e aprovando
os bons modos que os homens e almas vão aprendendo no decorrer dos evos.
Devemos registrar a singularidade da vida, em se expandindo por toda parte
com as mesmas bênçãos do Criador. Podemos até duvidar quando falamos que o
vírus recebe as mesmas bênçãos de vida que os Espíritos elevados; pois,
ele as recebe, não obstante. O vírus não assimila as mesmas qualidades que
os Espíritos têm a capacidade de assimilar, porque lhe falta o tempo de
preparo para a vida, que aqueles já conquistaram. Eis aí a escala das
almas. Não é que Deus dá mais a um que ao outro; cada um recebe o que
merece por despertamento das suas próprias qualidades, que todos têm,
doadas pelo Criador.
O Espírito elevado pensa mais nos seus deveres e esquece seus direitos,
que a própria lei lhe entrega com carinho. Os companheiros que não
atingiram essa elevação buscam, em primeiro lugar, seus direitos,
fazendo-se esquecer dos deveres. O primeiro mandamento divino é amar. Se o
reconhecemos como tal, devemos nos esforçar todos os dias para esse
desempenho, porque somente o amor nos abre os olhos para ver e conquistar
a paz interior.
Ainda em sua primeira epístola, João escreveu, no capítulo quatro,
versículo onze:
Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos
outros.
Deste modo, tudo em nós tornar-se-á ambiente de paz, de alegria e de
concórdia, porque o amor é força de Deus no coração dos Espíritos. Quem
ama, sabe dos.seus direitos e nunca ultrapassa os dos outros,
compreendendo que todos vivemos no seio de Deus, e que uns vivem por causa
dos outros. A vida é uma cadeia de luz, onde as almas são elos que se
prendem para manter a própria vida no fulgor que lhe é devido.
Os direitos e deveres estabelecidos pelos homens se dissolvem pelo tempo,
surgindo outros mais apurados, dado à elevação moral das criaturas. Mas,
os de Deus são eternos, como eternas são as leis naturais, por terem sido
feitas pelas mãos puras do Divino Doador da vida.
Homem nenhum é grande, ou se fez reconhecido como tal, sem a cooperação
dos pequenos. Não existem riquezas materiais sem a cooperação dos pobres.
O próprio sábio aprendeu com os ignorantes. Essa é a linha da vida de
todos nós. Os Espíritos de alta hierarquia espiritual descem para as
sombras para trabalharem com os ignorantes, por terem passado pelos mesmos
caminhos, e com isso se elevam mais. O idoso cuida da criança, porque a
criança lhe transmite vida nova. O chefe de família sustenta essa família,
porque ela é a segurança espiritual dos seus caminhos.
Conhecendo tudo isso, passaremos a amar a todos os que nos cercam e vivem
conosco. Devemos buscar sempre os limites dos nossos direitos, e o ideal é
nunca chegar até eles.
<< Voltar à Página da Questão (L.E.) <<