FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME XVIII

 

Questão 878 comentada

CAPÍTULO 11

0878/LE

LIMITE DO DIREITO

 

O que faz com que o homem reconheça os limites dos seus direitos, é colocar-se no lugar do outro, e sentir as suas limitações. Se acreditamos que tudo vem de Deus, Ele não se esquece de inspirar a todos os Seus filhos sobre as linhas divisórias dos seus direitos, onde começa o dever.

O homem sabe, por intuição divina, até onde pode ir, e passar a respeitar seu irmão. Se analisarmos bem o quanto o próximo nos ajuda a viver, nós nem chegaríamos às fronteiras a respeitar. O Evangelho de Jesus é um código universal, capaz de levar o homem à condição de angelitude, pelo elevado procedimento, por despertar nos corações a justiça e o amor para com Deus e o próximo.

Não devemos ter limites para respeitar, nem para amar, nem para perdoar; os limites foram feitos por causa do egoísmo e do orgulho, invasores dos direitos alheios, usurpadores dos esforços dos outros, estabelecendo assim a desarmonia por toda parte.

Os direitos naturais das criaturas são iguais. Deus não iria fazer diferença entre elas, entretanto, a consciência dentro de cada uma sabe regular os direitos de todos, criando ambiente para a educação e aprovando os bons modos que os homens e almas vão aprendendo no decorrer dos evos.

Devemos registrar a singularidade da vida, em se expandindo por toda parte com as mesmas bênçãos do Criador. Podemos até duvidar quando falamos que o vírus recebe as mesmas bênçãos de vida que os Espíritos elevados; pois, ele as recebe, não obstante. O vírus não assimila as mesmas qualidades que os Espíritos têm a capacidade de assimilar, porque lhe falta o tempo de preparo para a vida, que aqueles já conquistaram. Eis aí a escala das almas. Não é que Deus dá mais a um que ao outro; cada um recebe o que merece por despertamento das suas próprias qualidades, que todos têm, doadas pelo Criador.

O Espírito elevado pensa mais nos seus deveres e esquece seus direitos, que a própria lei lhe entrega com carinho. Os companheiros que não atingiram essa elevação buscam, em primeiro lugar, seus direitos, fazendo-se esquecer dos deveres. O primeiro mandamento divino é amar. Se o reconhecemos como tal, devemos nos esforçar todos os dias para esse desempenho, porque somente o amor nos abre os olhos para ver e conquistar a paz interior.

Ainda em sua primeira epístola, João escreveu, no capítulo quatro, versículo onze:

Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros.

Deste modo, tudo em nós tornar-se-á ambiente de paz, de alegria e de concórdia, porque o amor é força de Deus no coração dos Espíritos. Quem ama, sabe dos.seus direitos e nunca ultrapassa os dos outros, compreendendo que todos vivemos no seio de Deus, e que uns vivem por causa dos outros. A vida é uma cadeia de luz, onde as almas são elos que se prendem para manter a própria vida no fulgor que lhe é devido.

Os direitos e deveres estabelecidos pelos homens se dissolvem pelo tempo, surgindo outros mais apurados, dado à elevação moral das criaturas. Mas, os de Deus são eternos, como eternas são as leis naturais, por terem sido feitas pelas mãos puras do Divino Doador da vida.

Homem nenhum é grande, ou se fez reconhecido como tal, sem a cooperação dos pequenos. Não existem riquezas materiais sem a cooperação dos pobres. O próprio sábio aprendeu com os ignorantes. Essa é a linha da vida de todos nós. Os Espíritos de alta hierarquia espiritual descem para as sombras para trabalharem com os ignorantes, por terem passado pelos mesmos caminhos, e com isso se elevam mais. O idoso cuida da criança, porque a criança lhe transmite vida nova. O chefe de família sustenta essa família, porque ela é a segurança espiritual dos seus caminhos.

Conhecendo tudo isso, passaremos a amar a todos os que nos cercam e vivem conosco. Devemos buscar sempre os limites dos nossos direitos, e o ideal é nunca chegar até eles.

 

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