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DIREITO DE VIVER
O direito de viver é inerente à personalidade humana e a todas as
criaturas, por ter sido tudo criado por Deus. E se têm o direito de viver,
têm o de comer, de vestir e de se regalar. Para tanto, recebem os
Espíritos a inteligência, usando dela honestamente para o bem-estar,
favorecendo igualmente aos que trilham conosco os mesmos caminhos. O abuso
daquilo que nos pertence é que nos faz sofrer e o desperdício dos bens
materiais nos complica a vida. A natureza nos dá exemplos de como viver;
basta analisarmos os fatos que ela nos apresenta.
Podemos usar a inteligência para acumular os bens materiais, desde quando
isso não represente egoísmo e orgulho, que nos leve a interromper as
dádivas ao nosso próximo. Quem trabalha para o bem-estar da família se
encontra revestido de nobreza, no entanto, é necessário que a noção de
família seja mais elástica, não se restringindo aos nossos parentes
consangüíneos e afins, mas abrangendo a família maior, que é a sociedade.
As formigas, que vivem em sociedade, nos dão exemplo grandioso do
desprendimento, cada uma trabalhando para o bem-estar de todas. Assim
devem fazer os homens. Certamente que a família de sangue deve receber em
primeira mão os benefícios, mas sem nunca nos esquecermos da família
humana, que é uma continuação da primeira.
A doutrina que Jesus nos trouxe, para o equilíbrio da vida, o conhecimento
do parentesco espiritual, ensinando-nos que somos todos iguais, na
igualdade que o amor nos une, é capaz de nos mostrar um só Deus, a
derramar sobre todas as criaturas a vida em abundância. Esse é, pois, o
direito de vivermos juntos, irradiando a pura fraternidade universal, onde
todos são amigos, na irmandade com Jesus.
O trabalho honesto é fonte de paz, e o desprendimento cristão é ambiente
de contentamento. Quem se prende aos bens materiais, pela avareza, fica
preso a eles pelo coração. A alma, dentro do Cristianismo, não procura os
primeiros lugares nos banquetes, nem as direções dos templos para se
mostrar, por sentir no coração a igualdade da vida e o bem-estar dos
sentimentos puros.
Mateus registrou no capítulo vinte e três, versículo seis, nos mostrando o
comportamento dos que não compreendem as leis da igualdade. Quem já
conquistou a vida, não precisa demonstrar, pois ela se expressa em
irradiação feliz. Os que nada têm para dar.
Gostam do primeiro lugar nos banquetes e das primeiras cadeiras nas
sinagogas.
Para quê? Isto é uma vaidade ilusória, que passa sem percebermos os
verdadeiros varres, que não existem nesses casos. O que já conquistamos, a
vida se encarrega de anunciar, sem ser preciso a ansiedade da vaidade. Não
é preciso se anunciar que o sol ilumina a Terra e ajuda a dar vida aos
homens, que existem as estrelas, que a existência da vida se alicerça na
água etc.
Quem entende a necessidade de amar a Deus em todas as coisas e confia em
todos os valores da vida, se encontra integrado no todo e não lhe falta
nada para viver. Tudo o que precisa, vem por acréscimo de misericórdia.
Devemos amar a nós mesmos, amar a nossa família, amar a sociedade, amar o
ambiente em que vivemos, amar a natureza, que esse amor nos será devolvido
com grande acréscimo de vida, e vida com abundância. E que esse amor se
transforme em caridade benfeitora, que está sempre doando e transformando
tudo na verdadeira fraternidade. Comecemos fazendo as coisas com
honestidade e não vejamos em ninguém a maldade. Não nos sintamos ofendidos
com nada e tenhamos sempre um sorriso para os que conosco vivem e
trabalham, que Deus e Cristo passarão a abrir os braços ao nosso coração,
estabelecendo o céu na nossa consciência.
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