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A CARIDADE DE JESUS
A caridade segundo Jesus é uma ação benfeitora, capaz de modificar a
criatura em todos os sentidos, tanto a quem oferta, quanto a quem recebe.
Ela é o amor na sua mais alta expressão, é a benevolência conduzindo ao
entendimento. Ela é a indulgência despertando a esperança divina no
coração; é o esquecimento das ofensas transmutando toda a violência em paz
para os sentimentos.
Quando o Mestre pediu para amarmos a Deus sobre todas as coisas, e ao
próximo como a nós mesmos, resumiu Ele o trabalho de caridade na sua
claridade, onde se gera a união de todos os seres. A caridade pura não se
restringe somente em comida, veste ou teto; ela se estende em todas as
direções que possamos entender. Ela salva, porque todo. Gesto de amor nos
leva a Deus e nos faz ver Jesus dentro de nós, sorrindo porque ajudou-nos
a vencer a nós mesmos.
Desfrutamos a vida pela caridade de Deus, desfrutamo-la pelos valores do
amor, pela caridade de Jesus. Em todo o trabalho que fizermos, não nos
esqueçamos da caridade, pois ela ilumina a vida e nos faz viver na
plenitude do amor. A benevolência é tão grande, que ela se manifesta de
modo diferente para cada criatura, de acordo com o seu entendimento. Eis
aí a justiça nos caminhos da fraternidade.
Quando encontramos um rico, devemos sentir o mesmo amor que ao depararmos
com um pobre; devemos despertar a alegria por estarmos diante de um ser
humano. Os bens materiais pertencem a um só dono e todos nós somos
herdeiros, para usarmos sem que o abuso nos prejudique a vida.
Não podemos enganar a vida, manifestando o que não somos, para termos o
que não possuímos. O polimento social tem o poder de mudar por fora, mas a
intimidade permanece do modo que a evolução atingiu. As mudanças de dentro
é que mudam por fora. O que conquistamos são valores eternos, e o que
mostramos sem a conquista é breve e o vento leva.
A caridade não pode ser aparente, sem vida própria. A verdadeira é luz do
coração, na maturidade da alma. Os que desejam viver na ilusão são como
aqueles a quem se refere o Evangelho, que recebem a luz, mas permanecem
nas trevas. Conforme citado em Atos, no capítulo sete, versículo cinqüenta
e três, Estevão assim disse, com propriedade:
Vós que recebestes a lei por ministério de anjos, e não a guardastes.
As bênçãos dos Céus, não encontrando ressonância na intimidade, não podem
fazer moradia nos escaninhos da alma. A caridade, como entendia Jesus, é
solidária e justa em toda a sua amplitude; é ponderada, para escolher com
mais discernimento; é alegria com pureza de sentimentos. Ela é o próprio
amor querendo nos falar de Deus.
Jesus Cristo não somente entendia desta forma a caridade, mas, muito mais,
era Ele a própria caridade na manifestação do Pai na Terra. O homem que
conhece a caridade e a pratica, não se distancia de ninguém, por ser tal
ou qual companheiro inferior em muitos aspectos. Ele se aproxima de todos
com a mesma gratidão pela vida, ao colocá-lo junto a todos, compreendendo
que todos são filhos do mesmo Deus.
Verifiquemos o sol, a chuva e o próprio ar, que não escolhem a quem
clareia, a quem mata a sede e sobre quem sopra. A caridade a justiça, na
mais alta vibração de amor.
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