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A ESMOLA
Estender a mão nas ruas pedindo esmolas é um ato de humilhação, que no
fundo pode ser de natureza cármica, visando a educar a criatura, pois
passamos por muitos caminhos em busca da paz de consciência.
Uma sociedade mais cristã procura por todas as suas forças eliminar do
meio humano o viver pela esmola, contudo, em primeiro lugar, busca educar
aos necessitados e dar-lhes trabalho digno. A faixa em que se encontram os
povos atuais, é a de passar por todos os tipos de provações, capazes de os
levar à mais profunda intimidade da dor, por ser esse meio o mais
eficiente de torná-los humanos.
Estudando o passado dos que pedem nas ruas e recebem alimentos das sobras
das mesas fartas, sem lugar adequado para a higiene corporal, é que
notamos que a justiça não falha. Ela cobra do devedor os estragos morais
enxertados na sociedade.
Os que estão se arrastando hoje pelas calçadas foram os prepotentes de
ontem, cujos desperdícios deixaram faltar nas mesas pobres. A esmola de
hoje apaga, pela força da caridade de outrem, as vibrações inferiores
acumuladas na consciência do malfeitor. Quem pede a caridade nas ruas,
recebe mais a caridade de Deus do que quem oferta, pois sente o alívio no
coração para a humilhação que fez silêncio na consciência.
Pedimos aos que desejam dar esmolas, que o façam com benevolência, amando
ao sofredor, pois ele espera algum gesto de fraternidade, que o rosto pode
manifestar. Sejam gestos de alegria e vejam naquele que pede um irmão, que
pode estar ocupando um lugar pelo qual já passaram, colhendo experiências.
Dá a quem pede, sem especular o que ele foi ou o que está fazendo no
mundo, para que a tua caridade não fique desmerecida diante da vida. Não
podes esquecer que o Espírito, na Terra ou no Céu, seja qual for o seu
grau de adiantamento, está sempre sendo orientado e servindo de exemplo
para os outros. Esse estado de coisas nos mostra que nunca poderemos ser
independentes; precisamos sempre, assim como devemos ajudar sempre. Mas
todos os conselhos nos vêm de Deus, pelos canais do Cristo.
João nos fala, no capítulo doze, versículo quarenta e oito, desta forma,
lembrando a Jesus:
Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a
própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia.
O último dia é o dia da consciência. Quando ela se encontra cheia, passa a
derramar na mente o que não aproveitou, e o arrependimento vem à tona,
julgando o irmão para que ele reconsidere, colocando as mãos no arado, sem
olhar para trás, limpando a vida das paixões inferiores e reajustando o
coração no ritmo da luz.
Alinhemo-nos na verdadeira caridade, que é sempre bondosa .e benévola,
mansa e prestativa, cheia de cordialidade e, acima de tudo, é amor.
Lembremo-nos que a ostentação estraga as vibrações de carinho da caridade.
Esmola não é somente o ato de doar, é distribuir com alegria e sentir-se
feliz no ato de ofertar. Recordemo-nos do ato de caridade do óbulo da
viúva no Evangelho, para aprendermos a doar com benevolência.
Devemos ir ao encontro das misérias ocultas, esses infortúnios que fazem
alguém sofrer calado, e ofertar no silêncio, dando com uma mão para que a
outra não perceba, por não sabermos o que pode acontecer no amanhã em
nossos caminhos.
Não devemos reprovar a esmola, devido à transição da humanidade de hoje,
mas peçamos a Deus que nos dê forças para que o Evangelho cresça nos
corações, no sentido de educar, instruindo a humanidade, e o pedir nas
ruas cessará, com as oportunidades de trabalho para todas as criaturas,
sem que haja orgulho e egoísmo.
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