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INTERESSE PESSOAL
A marca mais visível da inferioridade da alma é o interesse pessoal, gesto
este nascido do egoísmo e, por vezes, do orgulho. Quando o Espírito
descobre que tudo pertence a Deus, que todos somos Seus filhos e herdeiros
dos bens, e que os bens, quando os possuímos, são de duração efêmera,
passa ao desprendimento, e desprendimento com Jesus não é desperdício, é
saber usar o que Deus colocou em nossas mãos.
Se queres melhorar espiritualmente, passa a combater o egoísmo, reação da
ignorância, que costuma ter durabilidade infindável nos caminhos dos
homens. Os bens materiais te prenderão cada vez mais, fazendo a alma
esquecer dos bens imperecíveis do Espírito. é justo que cuides dos teus
bens, se os tens, mas não com apego, de maneira a esquecer dos bens da
vida eterna. Podes transformar o ouro em coisas santas e dignas de louvor,
usá-lo em favor dos que padecem, servires dele para matar a fome e vestir
os nus, dar teto aos desabrigados e amparar aos que choram em duras
provas.
Sabendo que a reencarnação no amanhã te colocará em posição diferente da
de hoje, deves saber o que fazer com as sobras. Elas são sementes que
podes passar a semear. A inteligência nos convida a distribuir no serviço
da caridade, pois somente ela salva e desapega os nossos corações do peso
das inferioridades.
O verdadeiro desinteresse é muito raro na Terra e é encarado como fenômeno
quando o encontramos. No mundo superior, ele é comum a todas as criaturas.
Na Terra, é uma raridade encontrar homens que já se desprenderam, e
desconhecem o egoísmo e o orgulho. Quando queremos as coisas para nós
apenas, as paixões se alteram, buscando outras mais complicadas no certame
da vida.
Certamente que o apego às coisas materiais, bem como às paixões, turba os
corpos espirituais que a alma usa; eles entram em desarmonia e levam
inquietação ao Espírito. O interesse pessoal por vezes surge até mesmo no
meio religioso. Muitos fazem das casas de oração ponto comercial, usando a
casa de Deus, visando ao ouro fácil. Busquemos em Lucas o capítulo
dezenove, versículo quarenta e seis:
Dizendo-lhes:
Está escrito: A minha casa será casa de oração; mas vós a transformastes
em covil de salteadores.
Vender as coisas santas, vender a palavra evangélica e cobrar pelo
intercâmbio dos Espíritos com os homens, é o egoísmo na mais alta esfera
das sombras. É a ignorância que se transforma em cegueira espiritual, é
comércio dos mais ilícitos. é esquecer por completo da palavra santa e
sábia de Jesus, quando ele disse: "Dai de graça o que de graça recebeste."
Quem assim procede, está apagando a luz do seu próprio caminho.
O Evangelho de Jesus, em síntese, é o desprendimento. Ele nos ensina a
usar os bens materiais e conquistar a luz espiritual pelo amor. Devemos
lembrar que é dando que recebemos, é semeando que colhemos.
A Doutrina dos Espíritos chegou à Terra por misericórdia de Jesus, para
mostrar à humanidade, que devemos usar e não abusar do ouro, dos bens
terrenos. Eles poderão ser muito úteis, mas desde quando venham a servir
para enxugar lágrimas e confortar corações em desespero. Todos os vícios
devem ser combatidos, todavia, o interesse pessoal não pode existir no
coração que deseja amar, servir, compreender e perdoar.
Se estás a serviço do Cristo, no momento em que fores permutar as coisas
santas, convida-O para participar e te aconselhar sobre como deve ser
feita essa transação. Se a consciência não te deixar fazer esse convite
pelo peso que nela existe, abre pelo menos o Evangelho e pede a ele
opinião. Se já estás familiarizado com os livros espíritas, não precisas
dessas consultas; oferta de graça o que de graça Deus está te dando, que o
sol da paz começa a despontar em teu coração.
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