FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME XVIII

 

Questão 896 comentada

CAPÍTULO 29

0896/LE

DESPRENDIMENTO

 

A alma desprendida é uma personalidade de princípios elevados, no entanto, devemos verificar se esse desinteresse é em função dos que mais sofrem. Os bens materiais que sobram em suas mãos devem ser empregados com discernimento. O desperdício em qualquer rumo é deplorável, e quem o faz responderá sobre os gastos desnecessários.

Em tudo que fazemos, a vida requer o bom senso que disciplina a bondade e dá direção à caridade, para que ela seja bem conduzida. O Cristo ensinou a todos nós o amor a todas as coisas, e esse amor nos faz compreender que não devemos ter abstração nos valores da vida. Tudo tem uma razão de ser, e quando vem as nossas mãos, é a confiança de Deus nos legando esses bens para que sejamos benfeitores. Isso constitui oportunidade santa, no sentido de despertarmos os dons na nossa intimidade espiritual.

A inadvertência dos valores a nós entregues, pode nos causar dificuldades inúmeras, e a Doutrina dos Espíritos se encontra na Terra para nos ajudar a entender esses ensejes santos, de maneira a crescermos cada vez mais, compreendendo a vida que esplende na vida de Deus, tendo o Cristo como feição do Senhor a nos instruir e educar.

Poderemos nos tornar pastores de ovelhas, mesmo que sejamos orientadores menores, entrando pela porta de Deus, que se chama Jesus. é bom que não nos esqueçamos de João no capítulo dez, versículo dois, que registrou as seguintes palavras do Mestre:

Aquele, porém, que entra pela porta, esse é pastor das ovelhas.

Jesus se refere a entrar pela porta, que é Ele mesmo, aprendendo com Ele, a ensinar pelo exemplo, dignificando a vida.

Devemos entender que a riqueza como não é dada a uns para ser guardada, bem como, certamente, não é dada a outros para se distribuir sem orientação cristã. Devemos procurar usar o discernimento em todas as dádivas, para que possamos sentir a tranqüilidade de consciência.

No mundo onde habitas, existe de tudo; os exploradores são inúmeros por toda parte e não devemos julgá-los, mas, igualmente, não sermos instrumentos de exploração. Para que isso não aconteça é preciso que oremos pedindo a Deus e Cristo para nos orientar nos trabalhos de caridade.

A maior doadora dos bens terrenos é a vida que, igualmente, oferta a quem distribui aos outros, mas ela sabe a quem doar, pois a vida é Jesus. Nós outros temos de aprender com ela em todos os nossos trabalhos em que nos dispusemos a servir. A existência humana é um eterno semear, e colhemos o que plantamos, desde os pensamentos até o mínimo gesto ante ao que nos vê.

A palavra é semente que pode ser de luz ou de trevas; aprendamos, pois, a falar com Jesus, que seremos homens e Espíritos de bem, e que em toda a seqüência da vida sejamos felizes em ajudar e alegres em compreender o porquê de sermos caridosos.

Desprendimento não é abusar, desperdiçando os dons da natureza; é esquecer-se do orgulho e do egoísmo e doar a vida pelos processos ensinados por Jesus no Seu Evangelho. Todas as virtudes que vibram em nós devem ser irradiadas e vividas, atingindo todos os corações. O mundo precisa de quem pensa no amor, fale no amor e viva o amor...

Deves ter o desinteresse de adquirir bens materiais, mas, desde quando eles surjam em tuas mãos com honestidade, representam uma tarefa, levando em teus caminhos alguma lição e missão em favor dos que sofrem. Não percas o ensejo; procura entender o que a vida quer te falar e esquece os sentimentos contrários à caridade e ao amor. Tudo na vida requer equilíbrio, tudo na vida pede amor, tudo na vida deve expressar caridade.

Desprendimento é luz, porém, sem a presença do bom senso pode tornar-se trevas. O Evangelho é a força do entendimento que nos instrui em tudo, de maneira a instalar tranqüilidade na consciência.

 

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