0903/LE
DESEJOS ALHEIOS
Não é justo nos preocuparmos com os defeitos alheios no sentido vulgar,
procurando menosprezar os valores de outrem. Somente nascem essas idéias
na mente incapaz de experimentar o amor, de quem não se lembra dos
ensinamentos de Jesus a nos ensinar a benevolência.
Cada criatura é um mundo em particular; toda alma é um campo de plantio,
onde o que se semeia, germina, onde o cuidado multiplica, onde o que se
abençoa, aumenta. Quando procuramos nos interessar em divulgar os erros
dos outros, os nossos se escondem, prejudicando muito nossa ascensão
espiritual.
Incorreremos em grande falta, se colocarmos à vista as falhas alheias,
como críticos. As leis nos cedem esse exame nos outros, se a intenção for
de aprendermos, sem que outros participem, por simples prazer, da nossa
especulação. Em cada alma, na faixa em que se encontra na Terra, existem
muitas arestas a serem aparadas, e isso somente os seus portadores podem
fazê-lo.
Não deves criar problemas para os teus irmãos; cuida de ti mesmo. Assim
fazendo, a tua vida será melhor. Deves desentulhar gradativamente tua
consciência das chamas que o passado concentrou, que em todos esses
esforços aparecerão mãos invisíveis para te ajudar em nome de Deus, pelos
canais do Cristo.
Estudando os outros com a finalidade de melhorar, serás bem aventurado,
desde quando o silêncio seja teu companheiro em todos os aspectos das
observações. O mais difícil de ser conhecido no mundo é a própria alma; o
obstáculo mais difícil de vencer é educar a si mesmo, em todas as suas
etapas evolutivas. O nosso maior dever é fortalecer em nós a indulgência
para com os outros. Esse é o ponto alto de um coração iluminado. Os nossos
irmãos são filhos de Deus, com os mesmos direitos e deveres no certame da
vida.
A indulgência é a caridade em brilho maior, que abre os melhores caminhos
para quem a possui. Ajusta a tua mente na mente de Jesus, que a verdade
aproximar-se-á com mais evidência dos teus caminhos. Antes de censurares
as imperfeições dos outros, olha o que estás fazendo da vida, que a tua
consciência em Cristo responderá, na luz do Seu amor. Geralmente os
defeitos que criticas, tu os possuis com fartura. Se a honestidade clarear
a tua mente, notarás a justiça te indicando outros caminhos a serem
percorridos, de maneira que a luz te leve à paz.
Se queres ser superior, não exponhas as faltas alheias; eleva-te pelo
amor, engrandece-te pela fraternidade e a gratidão aos que te rodeiam.
Somente Jesus veio nos trazer e mostrar pelos exemplos o que devemos fazer
com mais acerto, para nos tornarmos livres.
A vida, em muitos aspectos, e os meios que te encontram na estadia
passageira, te incentivam para o orgulho, para a vaidade e o egoísmo. Mas,
se o Cristo já nasceu em teu coração, faze a tua parte na corrigenda de ti
mesmo, acendendo a luz das virtudes, para que sejas teu próprio sol, em
toda a extensão da vida.
Quando estamos fora da lei de Deus e queremos modificar nossas vidas,
encontramos tropeços em todos os passos. É Marcos que nos diz, anotado no
capítulo quatorze, versículo setenta e um:
Ele, porém, começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem
falais!
Mesmo sendo o discípulo da confiança do Mestre, a natureza interna de
Pedro rejeitou a firmeza em entregar de imediato a sua vida em favor da
verdade. Assim somos todos nós; quando abraçamos a verdade internamente,
por vezes inconscientemente rejeitamos a luz que iria nos tornar livres.
Ser grande em toda as nossas ações, não é pelas ações grandes; é pelo amor
que nos move no bem que estamos fazendo. Seja apenas uma palavra, que ela
esteja imantada de amor ao ser pronunciada em favor dos outros. Respeitar
os direitos alheios é ter consciência dos nossos, e compreender que saímos
todos da mesma fonte de vida.
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