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DOIS VERMES DESTRUIDORES
Os sofrimentos no mundo devastam os homens, trazendo-Ihes padecimentos de
todas as ordens que se possa imaginar, sofrimentos materiais e morais. De
certa forma, não se pode deter esses sofrimentos, por serem processos de
despertamento espiritual, no entanto, compreender que são eles da nossa
culpa é bem melhor para que possamos nos esforçar para nos livrarmos
deles.
Estamos falando de dois apenas, que são o ciúme e a inveja. São realmente
dois vermes roedores da alma, senão do próprio corpo físico. Como combater
essas duas enfermidades, livrar-se delas? Qual o ser humano, e mesmo o
espiritual, que não sentiu ou sente ciúme ou inveja? Todos, embora haja os
que já se livraram deles.
Os que ainda não sentiram essas duas doenças, talvez se encontrem na fila
para sentir suas torturas. Elas, por seu caráter inferior, trazem lições
dolorosas para a alma na sua seqüência de vida. Como encarnados, e por
vezes fora da carne, todos sentirão esse estado negativo do Espírito, por
não terem ainda conhecido a verdade. Somente os Espíritos livres das
paixões humanas são limpos dos resíduos de todas as inferioridades.
Certamente que devemos combater todos os tipos de inferioridade nos
caminhos que percorremos, para que no amanhã, possamos dizer: "conheci a
verdade e ela me tornou livre das peias da ignorância."
"O Livro dos Espíritos" nos fala que, por vezes, os sofrimentos materiais
independem da vontade do homem, e isso é certo, no entanto, os sofrimentos
morais se encontram na mesma ordem, por nos faltar elevação espiritual
para os evitarmos. Como pode o homem primitivo ter uma moral ilibada, se
desconhece seus fundamentos?
Os sofrimentos materiais e morais somente desaparecerão quando o Espírito
ascender pelo despertamento dos seus dons espirituais. O tempo se
encarrega desse trabalho. Todas as almas que não têm experiências
qualificadas na consciência pura, desconhecem a paz e a tranqüilidade. Não
questionemos a Deus, nem tampouco O responsabilizemos, pelos desastres que
essas duas forças provocam em nós. O esquema está traçado para o nosso
destino, e como Deus é onisciente, Ele já sabe disso; e se deixou que
assim acontecesse, é que precisa ser deste modo. Nem nós mesmos temos
culpas dos nossos deslizes. Temos culpas, se não combatermos nossas
inferioridades, já conscientes dos caminhos onde as paixões nos levam.
Todos os vermes roedores são forças negativas que devemos combater, sempre
na ordem das coisas, porque é no combate que ganhamos experiência para a
verdadeira conquista. Se as almas não fossem torturadas pelos contrastes
da vida, como elas conheceriam o outro lado, o da serenidade, da caridade
e do amor? Certamente que são felizes aqueles que desconhecem esses vermes
roedores; bem-aventurados são eles, por terem passado por todas essas
experiências e delas colheram a paz verdadeira que torne a consciência
tranqüila, objetivo de nossas vidas.
Compreendamos, pois, a necessidade dos nossos esforços visando à melhora
da vida material e moral, pois o conseguiremos, por estar no destino de
todos. Surge deste esforço a água da vida, quem a bebe nunca mais terá
sede.
Replicou-lhe Jesus:
Se conhecerás o dom de Deus e quem é o que te pede: Dá-me de beber, tu
lhe pedirias, e ele te daria água viva. (João, 4:10)
Jesus sempre nos pede que doemos água, em qualquer posição em que
estejamos, aos que sofrem, pois Ele está com eles e, se compreendemos,
Ele, o Mestre, nos dá a água com a qual nunca mais teremos sede, por ser a
água da vida eterna. É necessário que entendamos esse pedido. As
imperfeições são fantasmas dentro de nós e à nossa frente, e a consciência
em Cristo nos pede para expulsá-las, ambientando-nos com o amor e a
caridade, para que a salvação instale na nossa intimidade o sol da verdade
e a luz de Deus no coração.
Limpando-te do ciúme e da inveja, ficarás livre de muitos fantasmas que
corroem a alma, como carunchos invisíveis, os quais não devemos matar, nem
nos servirmos deles para a nossa revolta e, sim, transformá-los em vida,
em experiências e cultivo da própria paz.
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