FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME XIX

 

Questão 937 comentada

CAPÍTULO 19

0937/LE

INGRATIDÃO

 

A ingratidão nos teus caminhos será sempre um modo de testar teu coração na confiança em Deus. Compete à alma não fugir do problema surgido à sua frente, mas resolvê-lo.

Certamente que a ingratidão fere, por vezes até aos Espíritos de idéias nobres, no entanto, eles buscam no coração e na caridade os meios de se livrarem desse magnetismo inferior lançado pelos ingratos. por estes, deve-se orar com sinceridade, pois, são mais sofredores e precisam da nossa compreensão. Jesus já disse antes que eles não sabem o que fazem.

Verdadeiramente, a ingratidão é um teste para os teus sentimentos de amor e somente o trabalho no bem comum, o amor e a caridade podem e têm o poder de desfazê-lo, transformando-o em alegria e desejando que o ingrato conheça a verdade. Ninguém resiste ao amor; ele é a força que transmuta o ferro em ouro, que transforma o coração que odeia, em músculo divino que ama verdadeiramente.

A ingratidão vem do egoísmo, como filha de tal desvio e sai por aí ofendendo corações despreparados. Mas, quando ela encontra o amor, se desfaz pelas bênçãos de Deus, cedendo lugar ao desprendimento, filho da fraternidade, e a alma reconhece que somente Jesus tem o poder de guiar Seu rebanho para o ambiente de Deus.

Não deves desejar, mas o egoísta encontrará nos seus caminhos a percorrer corações endurecidos, pela justiça não imposta por ele, porém, pela natureza. É lei colhermos o que semearmos.

Lembra-te dos grandes personagens que estiveram ou estão na Terra, sofrendo as calúnias dos ingratos e que, no entanto, continuam amando a todos eles. São felizes, por postarem-se acima do mal, das injúrias e da maldade. Copia seu procedimento; essas almas se encontram em todas as religiões, nas ciências e filosofias espiritualistas.

São cidadãos universais, que já não usam como capas nenhuma das condições humanas, mas somente o amor, a caridade. As suas vidas são o Evangelho aberto, qual a natureza a nos dizer, para tudo e para todos, da paz de Deus. São como a chuva e o sol, o ar e a água. Não escolhem por onde passam para fazerem o bem, sendo eles o próprio bem circulando pelos canais do Cristo. Quando esses personagens saem do barco da carne, os próprios inimigos os reconhecem como benfeitores da humanidade.

Saindo eles do barco, logo o povo reconheceu Jesus. (Marcos, 6:54).

O povo sempre reconhece aquele que somente trabalha para o bem comum e que nunca exige nada para si; eis aí a alma iluminada pelo amor de Deus. Façamos o mesmo, de modo a sermos uma fração de Cristo no coração da Terra e nos céus de todas as almas filhas de Deus, no esquema da Luz.

Para consolo dos que são apedrejados, é bom nos lembrarmos de que Jesus, quando andando na Terra, amando, foi injuriado, apedrejado, cuspido, interpretado como salteador e inimigo, mas que nunca se desviou do Seu roteiro, e para provar a certeza que Ele tinha de amar, cedeu Sua vida na cruz, eternizando o bem e ainda perdoando a todos sem julgá-los como malfeitores, entendendo que aqueles que O agridem não sabem o que fazem.

Não te admires de acontecer o mesmo contigo; são testes por que deves passar, dando-te segurança por dentro, para tua missão junto aos que ignoram a paz. Não precisas mais de recompensa, a não ser o bem que fazes aos outros. A tua consciência responderá pelo que semeias. Se o céu, como diz Jesus, está dentro da alma, busca esse céu do modo que a lei determina, e sentirás a felicidade penetrar em teu coração.

A ingratidão, de certa maneira, é uma prova para a perseverança no bem e oportunidade para o perdão, esquecendo as ofensas. Sejamos fortes em Deus e brandos em Cristo, que o resto vem por acréscimo de misericórdia, e quando a luz acender em nosso coração, por muito amarmos, estaremos livres de todas as investidas daqueles que nos respondem pelo bem que fazemos pelas ingratidões. Novamente falamos:

Eles não sabem o que fazem.

 

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