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INDEPENDÊNCIA DO ESPÍRITO
O Espírito não é uma propriedade da matéria. São duas coisas distintas, e
a resposta de "O Livro dos Espíritos" revela um segredo de difícil
compreensão para os homens, dizendo que o Espírito se serve da matéria
para intelectualizá-la. Sem o Espírito, a matéria não alcançaria esse
empuxo espiritual e essa dinâmica inenarrável. Compreende-se, pois, que o
estímulo do Espírito no reino das coisas materiais a eleva, de sorte a
colocá-la acima do estado de inércia.
O Espírito é luz que vibra em alta ressonância na purificação do próprio
ambiente e, se ele intelectualiza a matéria, o seu atributo desperta nela
algo que dormia na profundidade física. A mônada divina é o agente direto
da Divindade onde quer que seja, na missão elevada de acender luzes e
despertar valores.
Se o Espírito fosse uma das propriedades da matéria, seria de menor valor
que esta. É o contrário que ocorre: a matéria é serva do Espírito em todos
os ângulos da criação, é um instrumento do qual ele se serve, como
condição ao seu aprendizado.
As coisas físicas constituem, para a alma, um regime agressivo, de maneira
a despertar qualidades quietas na intimidade do ser espiritual. Foi esta a
vontade de Deus quando a criou. A matéria é energia concentrada e a
energia é a matéria em estado rarefeito. Existem muitas coisas entre um
estado e outro, que escapam às nossas sensibilidades. Não devemos comparar
nem dizer que a alma é filha da matéria. Espírito é Espírito, matéria é
matéria.
Nossa independência é que nos caracteriza como individualidades mais ou
menos livres de determinadas peias, criadas pela falta de liberdade, como
os conglomerados físicos. No amanhã serão conhecidos outros valores do
Espírito, acima dos que já conhecemos e que dormem ainda no imo d'alma, no
berço da consciência, esperando o chamado divino da Divina Luz, que
desperta os talentos mais valiosos, que a excelência da vida proporciona
aos seres que completaram o curso do amor na faculdade da Terra, para
começarem outro em dimensão mais pura.
O Espírito vai ficando cada vez mais independente das coisas inferiores, e
integrado na dependência de Deus, como médium da luz, com a missão de
transformar as trevas por onde venha a passar, divulgando conceitos
altamente espiritualizados e ensinando pelo exemplo, para a concretização
da harmonia em todos os corações e em tudo o que existe.
O Espírito não perde a sua individualidade como muitos pensam, ele é cada
vez mais ele, na ascensão que deve percorrer e, o que é seu, é
intransferível. Todavia, o celeiro de tesouros armazenados no seu coração
espiritual é como que fonte doadora de recursos em todas as direções, como
um sol a ajudar a vida e a enriquecer o ambiente, para que as vidas da
retaguarda se conscientizem dos seus valores e acordem com as suas
próprias forças.
Tudo que temos é conquista na direção que a Luz Maior nos capacitou a
caminhar, porém, nunca conquistamos algo sem Deus. Ele é, por lei, o nosso
motivo de viver. A matéria é um dos corpos do Espírito, intermediária dos
outros na sutileza das afinidades, para que se complete uma unidade com
várias divisões independentes.
O Espírito deve ser Espírito na luz de todos os entendimentos, e cada um,
encarnado e desencarnado, deve se colocar naquela esperança da felicidade
individual como também no esplendor do amor coletivo. Roguemos a Deus que
nos ajude a compreender cada vez mais a independência da alma, pelo menos
no tamanho em que ela se encontra, referindo-se a nós mesmos.
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