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A MISSÃO DA PALAVRA
Aconselhamos ao leitor reler, antes de iniciar esta leitura, o sábio
comentário de Allan Kardec referente à pergunta número vinte e oito, para
que tenha força para acalmar o impulso de saber, até onde deve ser
alcançado, porque neste rumo das revelações não temos outra coisa a dizer
além daquilo que ele expõe, inspirado nas mais altas forças de vida. É
bom, e muito bom, que o coração ajude a palavra, inspirando-a na sua
grande missão de falar construindo, e construir falando certo.
O verbo que o homem já domina com certa facilidade, seu filho de longa
data, educado na boca do sábio, tem a missão junto a todos os seus
recursos, de aprofundar-se nos segredos da natureza e fazer os mesmos
homens compreenderem as belezas da criação, porém, é de ordem comum entre
as coisas de Deus, que ele fale com toda a simplicidade, sem esquecer a
clareza dos princípios.
A missão da palavra é sublimada, desde quando temos outros sentidos
desenvolvidos para compreendê-la. Para tanto, o nosso dever é educá-la,
naquela escola cujo Mestre maior é Nosso Senhor Jesus Cristo. Com Ele a
palavra atingiu os cimos da evolução, coroando, com a mais alta
condecoração espiritual, o verbo, ao falar como o fez, quando da Sua
estada divina junto a nós, da mais elevada virtude vivenciada nos caminhos
da Terra: o Amor.
A sabedoria de Deus confunde o raciocínio humano. A essência divina, ao
sair da sua pureza lirial, da sua unidade absoluta e indivisível, toma-se
díade, manifestando-se em tudo com todos os valores correspondentes às
suas mutações, para melhor servir, pela força e claridade do progresso. A
razão é pobre para explicar os segredos do Criador. A evolução tem o poder
de transformar a inteligência em sentido altamente dominante, na arte de
conhecer. Dentro de nós existem, como sabemos, os talentos divinos, que
são favos de luz colocados na nossa consciência pelo Senhor. Cada vez que
são despertados - na expressão filosófica denominada Evolução - nos
mostram rumos novos da sabedoria.
Deus, na conveniência de Sua sabedoria, houve por bem criar inúmeras
divisões na construção da casa universal. Cabe a nós outros estudarmos
todos os princípios da sabedoria e procurarmos, com humildade, a
obediência às leis naturais, que regem e sustentam toda a criação divina.
Perder tempo com discussões sem sentido educativo é forçar o inconveniente
a transformar-se em ignorância. Se ainda não entendemos o que almejamos
conhecer, é bom guardarmos serenidade, e esperarmos a oportunidade, que o
arcano do tempo tudo nos revelará no momento preciso, quando as nossas
forças suportarem o impacto da verdade.
Tudo que existe obedece a uma seqüência estabelecida pela harmonia. A
matéria que tanto estudamos tem sua vida própria sob a influência do
Espírito, e o Espírito vive na atmosfera de Deus. A independência é, pois,
até certo ponto, de concordância e as afinidades congênitas é que nos
garantem a vida, na vida de Deus.
Existe algo de divino dentro da matéria e outro tanto vibrando no
Espírito, que por enquanto desconhecemos. Até para os grandes benfeitores
- pelo menos é o que ouvimos deles - Deus é um segredo absoluto. Não
podemos decifrá-lo, por faltar em nós as qualidades de um deus.
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