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FOGO ETERNO
A ignorância fez o homem menos instruído crer que poderia pagar suas
faltas no fogo espiritual, ao qual se deu o nome que faz tremer a tantos:
inferno. Mais tarde, os mais espiritualizados passaram a descobrir que
esse inferno existe mesmo, porém, q com mais intensidade, dentro das
criaturas, na condenação da própria consciência. Entretanto, ele é
transitório, e não eterno. Eterno, somente o amor.
Nos caminhos que a alma deve percorrer, existe de tudo que se pode
imaginar, e muito mais. A narrativas dos lugares infernais, que os
teólogos descrevem, passam a ser céu, se buscarmos a realidade do que
verdadeiramente existe em zonas inferiores; no entanto, não- devemos
mencionar esses ambientes, para não levar os homens a criarem imagens
negativas que lhes poderão trazer mais inquietações espirituais.
A criação do fogo do inferno parece que serviu para amedrontar certos
tipos de Espíritos que, não sendo pelo temor, poderiam fazer coisas
piores. Porém, generalizaram em demasia essas imagens, de modo que o
fantasma foi contra os seus criadores e alimentadores desta mentira do
terror. As opiniões são diversas sobre a validade da criação do "fogo do
inferno", realimentada pelo Catolicismo Romano. Uns dizem que foi
benéfica, outros que foi destruidora. O próprio "O Livro dos Espíritos",
em perguntas e respostas anteriores, nos informa que tudo tem uma razão de
ser; sendo assim, nada se perde e os benfeitores da espiritualidade têm a
capacidade de transformar tudo em bênçãos de luz para a libertação das
criaturas.
Eis que estamos em frente à época de transformações, e o próprio
Espiritismo é esse progresso, mudando situações e ampliando condições, no
sentido de que as almas dos dois planos se conscientizem da verdade mais
acentuada. Os que foram condenados ao "fogo do inferno" estão de volta
dizendo a verdade, e os condena-dores a esta ilusão igualmente voltaram
para falar das verdades eternas, já conscientizados destas verdades, pela
realidade que encontraram ao desencarnar. Dentre eles, alguns estão entre
aqueles que deixaram profundas mensagens em "O Evangelho Segundo o
Espiritismo."
Se assim podemos dizer, falamos que o "fogo do inferno" está na
consciência, mas que ninguém, Espírito algum, ficará eternamente sofrendo.
Se o Espírito foi criado simples e ignorante, haverá de passar por todas
as provações, expiando seus erros e sofrendo as conseqüências dos seus
atos; no entanto, os maiores da espiritualidade, que dirigem a Terra,
também passaram por esses caminhos, neste ou em outros mundos. Todos somos
iguais, em tudo o de que precisamos para nos libertar.
Não somente o "fogo do inferno" é imagem ilusória, mas milhares de outras,
e o tempo irá mostrar a verdadeira realidade. O Espírito recebe o que deve
e pode suportar. O estudioso da História Universal pode verificar quantas
mentiras caíram com o tempo. A astronomia moderna pode confirmar o que
falamos. Quantas teorias caíram com o progresso!
Não precisas te apegar somente à questão do "fogo do inferno"; as
mentiras, por vezes, e se podemos assim dizer, formam plataforma para que
a verdade possa aparecer, e mesmo ela surgindo, é na relatividade que os
corações possam suportar. Por quanto tempo os sábios afirmaram que a Terra
era sustentada por quatro elefantes? A própria medicina, quantos consertos
não vem dando às suas teorias?
Não é somente o "fogo do inferno" que constitui ilusão; no fundo, em tudo
que se fala existe algo de verdade, embrulhado nas letras que se escrevem.
O fogo existe, fora e dentro das almas que alimentam pensamentos errôneos
e desrespeitam às leis naturais criadas por Deus.
Se queres, leitor amigo, salvar-te deste fogo, que por vezes se encontra
mais próximo do que pensas, lembra-te desta asserção do Evangelho:
Honra o teu pai e a tua mães e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
(Mateus, 19:19)
A tua mente, com este exercício, passará a abrir as portas do conhecimento
de Deus e das Suas leis, que nos dirigem a todos. Quem obedece a esses
preceitos do Evangelho, destrói o inferno íntimo, e no lugar desse fogo
surgirá a luz que alimenta a vida pelos processos do amor.
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