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EM PRESENÇA DA VÍTIMA
Comumente, a vítima está presente junto ao seu ofensor, no entanto, há
duas presenças» que a razão nos faz crer, para maior elucidação.
À primeira é a da própria vítima; quando não tem compreensão, ela, por lei
que a garante, acompanha seu algoz cobrando o que a sua ignorância lhe
fez, perturbando sua vida. Ela se esquece, quase sempre, que ela mesma
atraiu esse escândalo, e perseguidor e perseguido, ajuntando-se nos
sofrimentos pela assistência do tempo, começam a despertar seus valores
espirituais. Aquele que despertar primeiro, se liberta, perdoando ou
trabalhando para liberdade do outro. Isto sempre é benefício, por isso que
Deus concede que os dois se unam por lei de afinidade, mesmo que
aparentemente no mal.
A outra forma de estarem juntos, vítimas e ofensores, é pela via da
consciência; ela reproduz para o artista do mal tudo o que ele fez, que
surge na sua tela mental de modo mais claro, como se estivesse
reproduzindo o mesmo escândalo. Esse sofrimento é mais acentuado que o
primeiro.
A consciência é um tribunal que não cede a choro, nem a promessas vazias.
Ela somente se aplaca pelo esgotamento dos efeitos, uma vez cessada a
causa, pela caridade, pelo amor, pela compreensão e pela paciência diante
dos seus resgates. A consciência aliviada é força para renovação
espiritual.
Não devemos nos esquecer da oração todos os dias para os que sofreram pela
invigilância. O mundo atual está repleto destes dramas, o que nos dá
coragem e estímulo para ajudar as almas comprometidas a aliviarem esses
fardos pesados dos seus ombros, livrando-se do fogo do inferno íntimo, que
causa todas as ações maléficas capazes de fazer sofrer terrivelmente. No
entanto,é neste sofrimento que Deus nos lega lições imortais de amor e de
perdão.
Quando a vítima é um Espírito elevado, ou que se eleva, o ofensor depara
com a sua imagem na profundidade da consciência, não que a vítima o
deseje, por já ter perdoado, mas, por força da lei. Depois de limpa a
consciência, o ofensor guarda as lições e passa a trabalhar em favor dos
que padecem as mesmas agressões, igual às que ele mesmo fez em tempos
passados. Os justos, as almas puras, trabalham sempre sem se contaminarem.
Por que esse interesse de ajudar, de servir, de amar aos que sofrem e
passam por esses caminhos de contrastes? É porque eles já passaram por
isso e outras entidades os ajudaram a caminhar com mais ânimo. Todos os
Espíritos, sem exceção, trilham pelos mesmos caminhos. Somente as faltas,
as dores, problemas e desarmonias diversas os fazem despertar para a luz
que existe na sua intimidade.
A Doutrina dos Espíritos surgiu no mundo para nos mostrar a misericórdia
de Jesus para conosco, apontando meios e mostrando condições de nos
livrarmos de todo o mal, pela prática do bem.
Aos que sofrem os reveses das suas ações, parece que esses tormentos não
têm solução, e passam a lembrar do inferno eterno para os maus, conforme
afirmam certas religiões. A eles, o Evangelho responde:
Mas ele respondeu:
Os impossíveis dos homens são possíveis a Deus. (Lucas, 18:27)
Quando as lições forem assimiladas, virá a bonança para a alma sofredora e
ela passará a sentir a presença de Deus abençoando-a e revestindo de
coragem santa na construção da sua tranqüilidade. Nessa hora, a vítima
desaparece da sua consciência, já que, em muitos casos, ela estava
trabalhando para a sua recuperação no silêncio, de forma que vítima e
ofensor se unem para o trabalho com Jesus em favor da humanidade. Eis aí o
trabalho de Jesus nos corações das criaturas! É a fraternidade crescendo e
o amor multiplicando amigos no coração da vida.
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