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NASCENDO A RAZÃO, O INSTINTO SE ATROFIA?
O alicerce de uma obra aparentemente desaparece quando o prédio está
pronto; no entanto, passa a existir com muito mais segurança do que antes,
pela sua solidez no seio da terra. O instinto não atrofia ao surgir a
razão. Ele perde o comando mais visível, como existe no animal,
entretanto, ajuda a inteligência nas suas difíceis soluções, no silêncio
da própria vida, inerente ao seu estado.
O nada se perde atinge igualmente os dons da alma. Os talentos se
intercruzam em uma fraternidade perfeita, uns ajudando os outros, e todos
formando um conjunto, de sorte a trazer ao mundo da consciência a harmonia
divina. Compete a cada Espírito compreender a ordem e trabalhar para que
ela se estabeleça, com todas as suas diretrizes de amor no centro da
consciência e esta redistribuir as bênçãos de felicidade a todo o mundo
interno.
O instinto é a base da conscientização de todo o saber; é como que um
livro invisível, porém real, onde estão escritas todas as leis reguladas
pelo tempo. A razão é esse mesmo instinto na feição de maturidade; é o
alicerce da inteligência, que se apóia neste princípio divino, ordenado e
estabelecido por Deus, como sol da vida.
Podemos comparar o instinto aos pés dos homens e a inteligência ao
exército da razão. Apesar dos meios de transportes sofisticados da época,
eles sempre precisam dos pés para tudo o que fazem. Mesmo que se lembrem
pouco deles, eles são a base da locomoção dos encarnados. A Doutrina dos
Espíritos, no seu conjunto doutrinário, nos oferece muitos meios e métodos
agradáveis, para exercitarmos todos os nossos dons, de maneira a que eles
possam crescer ampliando seus valores. Uma escada, mesmo usada por muitas
criaturas, deve conservar os primeiros degraus, sem os quais não poderá
ser usada, além de que são eles que garantem a segurança dos outros. O
instinto, o raciocínio e a intuição constituem uma escada evolutiva, são
estágios variados do mesmo dom da vida que, juntos, garantem a
estabilidade e nos proporcionam meios mais sólidos para vivermos em paz.
Nada se acaba na vida; tudo se funde e refunde em busca da perfeição.
O homem não pode desprezar o instinto porque possui a inteligência, nem o
super-homem pode abandonar a inteligência, por ter conquistado a intuição.
Todos os valores são úteis na engrenagem evolutiva de todos os seres.
Entrementes, deve-se saber usá-los na hora certa, como no momento exato
servir-se do raciocínio. O conhecimento é a base do equilíbrio e a
compreensão, o estímulo de todas as forças do bem que, somadas,
esplendem-se no amor. O instinto nunca se transvia, por ser programação da
Divindade, no centro das vidas menores, e a razão obedece ao livre
arbítrio da criatura, que necessita de experiências para que sua
disciplina se alie ao bom senso.
De fato, o instinto é uma inteligência rudimentar mas, que guarda no seu
seio celeiros imortais que, desenvolvidos, ultrapassam as belezas da
própria inteligência e mesmo da intuição, pelo fato de que o despertamento
da alma é infinito, na extensão grandiosa do crescimento sem limites, do
Espírito.
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