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A ALMA E A DECAPITAÇÃO
Por existir a guilhotina na França, o tema sempre vinha ao pensamento dos
estudiosos e certamente por isso também foi feita essa pergunta aos
Espíritos Superiores. A resposta, certamente, não pode ser generalizada.
Cada alma é um mundo diferente na sua estrutura espiritual e poucas são as
que conservam a consciência no ato da decapitação. Alguns Espíritos, de
acordo com a escala de despertamento da alma, perdem a consciência, sem
que possamos determinar o tempo.
Havia Espíritos encarnados que, somente em saber que a sua cabeça iria
para o balaio do carrasco, começavam a sofrer e, ante a visão do aparelho
assassino, perdiam logo a consciência, indo acordar somente depois de
muito tempo.
O suplício é uma prova, na qual a dolorosa lição, via de regra, serve de
resgate redentor, como carma que só o passado pode explicar. A guilhotina
foi responsável pelo rolar de muitas cabeças que no passado fizeram
compromissos com as trevas. O inventor desse instrumento de morte foi
inspirado por massa enorme de pensamentos inferiores, produzidos pelos
malfeitores que deveriam morrer nele, como resgate do mal que cometeram no
seio da sociedade. Não obstante, nem todos que ali foram entregues ao
carrasco impiedoso estavam movidos por dívidas de um tempo que passou. Em
muitos casos, foram processos de despertamento das criaturas.
Alguns Espíritos, antes de reencarnarem, pediram esse meio de retornar à
pátria espiritual, para exemplificar coragem e fé, mostrando, por esse
fato, que existe o mundo dos Espíritos e que ninguém morre. Para o
Espírito evoluído, qualquer morte à qual for preciso se submeter, é um
simples acontecimento, como o de vestir roupas, que se troca com alegria,
quando necessário. O medo de morrer, para o ignorante, vem por força
instintiva de conservação, e sempre passa dos limites, por falta de
conhecimento da verdade.
O Espírito pode ficar ligado ao corpo por horas, dias, meses ou anos.
Depende da sua elevação. No caso de Francisco de Assis, por exemplo, ele
deixou o corpo, como se deixa uma roupa usada e suja, com plena
consciência do seu estado de vida, na sua lucidez imperturbável. Assim
aconteceu com vários outros missionários, que vieram a Terra por
misericórdia de Deus. Morrer, para eles, na linguagem humana, é viver, não
lhes preocupando a forma. Escolhem a que mais pode consolar aos que os
cercam e levá-los à fé e à confiança em Deus.
Jesus submeteu-Se aos braços da cruz, para mostrar à humanidade que ela
deve suportar todos os problemas da vida, que a dor desabrocha nos
corações muitos poderes, e que as portas dos Céus se abrem, pela dor bem
compreendida. Para cumprir Sua promessa Ele voltou, provando que a morte
não existe. A missão do Espiritismo é essa também. Seja como for e como
devas passar para o lado de cá, vem com confiança.
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