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O ESTADO DA ALMA
O estado da alma em suas primeiras vestimentas materiais é rudimentar,
pelos rudimentos de vida que se apresentam no Espírito ainda em sono.
Entretanto, mesmo naquele estado primitivo, a sua natureza tem valores
imortais que o porvir irá conhecer como semelhantes aos dos Espíritos
Superiores.
DEUS, O Supremo Camartelo, criou a vida em todas as suas seqüências, vida
esta que obedecerá às leis criadas por Ele mesmo inconsciente, e quando a
lucidez se fizer presente pela regência do tempo, ela entrará na corrente
do progresso, com o esforço próprio, de maneira a acelerar o despertamento
do Espírito como sendo a sua conquista, no que lhe toca fazer. As próprias
paixões representam um desenvolvimento da alma, não a perfeição, a qual
virá depois, pelo conhecimento e prática do amor.
As tribos indígenas nem sempre são compostas de almas primitivas; existem
muitos índios que ali vieram como provações, e nesse estágio de provas
acabam ensinando muita coisa aos outros, que desconhecem o princípio de
muitas leis naturais. Há grandes Espíritos, intelectualmente falando, que
ingressam nesses meios para aprenderem a simplicidade, abrindo os olhos
para a natureza e bebendo dela a luz da paciência, porque na posição em
que antes se encontravam, se achavam cegos pelo orgulho e pela vaidade.
Quantos deles não foram, por bênção de Deus, ressurgir nas tribos
africanas para eles uma degradação biológica, racial e social no sentido
de quebrar a prepotência, amenizar o ódio e entrar no aprendizado da
humildade? Quando os navios negreiros trouxeram da África para o Brasil
milhares e milhares de negros, muitos dos quais vieram juntos, e muitos
deles eram antigos patrícios romanos, que se degradaram pela luxúria e
maldade. Vieram, ou voltaram, como escravos onde o chicote e a masmorra
eram a escola da tala para a pele e do engenho para os sentimentos. Era,
realmente, correção, que ocorreu na Terra e o tempo conhecia aqueles
negros que antes foram senhores implacáveis. Muitos deles melhoraram,
adotando os princípios de humildade e obediência, tornando-se úteis em
todos os trabalhos caseiros, uns, na figura das mães pretas como amas de
muitas utilidades na criação dos filhos dos seus senhores; outros, como
conhecedores de ervas, como curandeiros de fama, que curavam os próprios
carrascos e familiares quando adoeciam. Já se destacavam naquela época os
negros inteligentes, ainda que sem qualquer tipo de instrução. Muitos eram
filhos de escravas com senhores de engenho, para terem melhores
oportunidades de aprender e, daí, ajudar na libertação da raça. Se
regrediram material, social ou intelectualmente, tal não ocorreu
espiritualmente.
A vida registra tudo que fazemos em todos os ângulos dela, sem perder um
til que seja. Tudo no mundo é aproveitado para o grande bem da
coletividade. Deus é Deus de bondade e de amor e, no grande empenho de
ajudar a todos, usa os recursos que acha mais conveniente. O Espírito é
viajor da eternidade, que passa de país para país, de mundo a mundo,
buscando novos entendimentos e acendendo novas luzes no coração.
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