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SENTIMENTOS DOS A QUEM OFENDEMOS
Depois do túmulo, os sentimentos que animam os que ofendemos, se esses
ofendidos forem Espíritos inferiores, são de vingança, de ódio e de
violência, formando, quando podem, toda ordem de obsessão sobre os
ofensores do passado.
Se os ofendidos forem Espíritos elevados, que já conhecem o Evangelho e
começaram a praticá-lo, eles não gastam tempo em perseguição. A sua arma
de luz é o esquecimento das faltas, passando a orar pelos ofensores e
ajudando-os em todos os momentos possíveis.
Podemos observar em "Atos" dos apóstolos, que Estevão foi lapidado por
ordem de Saulo de Tarso. Depois de desencarnado, entretanto, passou a
guiar Paulo nos caminhos da Luz, porque Estêvão era um anjo a serviço do
amor. Mesmo sem ter acompanhado o Cristo na Terra, foi enviado por Ele.
O mal não dá trégua aos que geram o ambiente de discórdia, mas, somente
depois que os Espíritos do mal sofrerem as conseqüências dele é que mudam
de idéia, e passam a fazer o bem. As sementes do bem são pontos de luz nos
caminhos do semeador.
Não alimentemos sentimentos de discórdia, pois ela procurar-nos-á onde
estivermos; não alimentemos sentimentos de ciúme, pois ele procurar-nos-á
no endereço certo; não alimentemos sentimentos de vingança, pois ela não
nos deixará sossegados. As imagens que essas desventuras geram são
inferiores e condutoras de desarmonia.
A Doutrina Espírita, como Evangelho em estado de progresso revelador, nos
coloca todas as nuances nas quais devemos trabalhar para a aquisição dos
valores imortais, despertando em nós as qualidades, como atributos de luz.
O ofensor nunca se encontra em paz, mesmo se o ofendido o perdoa, porque,
se ele ofendeu, gravou na consciência os dramas da ofensa, e cria inimigos
internos que são os piores, pois não aceitam arrependimentos que não se
fazem acompanhar da prática e, por vezes, cobram até o último ceitil. Eles
são justiceiros.
Muitos espiritistas, quando encontram esse tipo de obsessão, pensam que
são Espíritos se vingando, quando, muitas vezes, são as próprias imagens
às quais o ofensor deu vida por ignorância. É neste sentido que chamamos
sempre a atenção das almas de boa vontade para que, no prosseguimento do
processo de arrependimento, coloquem em prática a vivência dos bons
costumes e a retidão do caráter, porque a limpeza do mundo interno pode
vir com grandes infortúnios e pode atravessar gerações e mais gerações com
padecimentos incalculáveis. O Espiritismo veio abonar os novos discípulos
do Cristo, mostrando-lhes trabalho e renúncia, incentivando-os a lutarem
interna e externamente, no sentido de aliviarem em menos tempo o fardo e o
jugo, de modo que a consciência, livre do magnetismo do ódio, lhes confira
meios de gozar as delícias do céu, no reino do coração.
Nesse passo, quais os sentimentos que devemos gerar? Não é preciso a
ninguém perguntarmos, porque a nossa intuição nos dirá, no ambiente que o
Cristo gera em nós, nas bênçãos de Deus. Cada inimigo que recrutamos nos
nossos caminhos, são portas de entrada para o inferno da consciência em
chamas, e cada amigo que fizermos nas nossas andanças, serão pontos de luz
que ajudam a nos libertar das trevas.
Querer morrer para ficar livre dos inimigos é falta de conhecimento da
verdade, porque eles, depois do túmulo, estão em maior número. Que cada um
comece hoje, agora, a perdoá-los, se os tiver, porque o céu começa a
surgir agora, no coração de quem perdoa e ama.
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