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LEMBRANDO O PASSADO
Lembrar-se do passado é uma arte, senão um dom, que pode se desenvolver de
acordo com as necessidades da alma.
A natureza, acionada pela força de Deus, não perde tempo: ela ajuda na
semeadura e serve de agente na colheita, quando isso é necessário ao
Espírito. Precisamos entender essa ciência, porque ela nos ajuda a viver
melhor, mostrando-nos os caminhos da felicidade.
A nossa consciência grava tudo, todos os fatos que ocorrem conosco em
todas as reencarnações, por processos tais que o homem, cuja percepção
ainda não foi suficientemente desenvolvida, não consegue compreender.
Quando o Espírito precisa lembrar-se de alguma coisa para o seu benefício,
o instrumento para tal é a vontade; todavia, essa vontade deve ser
adestrada na ciência do amor. Isso quer dizer que não é somente a
consciência que grava os nossos fatos: eles ficam escritos igualmente no
exterior, pela sensibilidade do éter cósmico, obediente aos nossos
pensamentos. A linguagem não é corno a que se conhece: são imagens que
dizem tudo o que fazemos. E, ao subirem para o consciente, despertam em
nós poderes, a nos fazerem relembrar de tudo o que realizamos com todos os
seus detalhes.
A regressão de memória nos mostra essa realidade, fato comum no exercício
de certas mediunidades, como por exemplo, a escrevente. O passado é um
celeiro de guardados daquilo que pensamos e fizemos. É nesse sentido que o
Evangelho diz, com propriedade, que nada fica escondido. Escrevemos dentro
de nós, no livro da consciência, e o hálito divino registra tudo referente
à nossa vida, para entregar Deus o que somos e o que estamos fazendo.
Ninguém engana a Deus nem a si mesmo. Não há condições de ocultar os
nossos erros ante a nossa vida; querer enganarmos a nós mesmos é perder o
tempo que poderíamos aproveitar em subir mais um degrau, ascendendo em
busca da luz.
O Espírito evoluído, que já se libertou das paixões humanas, que
encontra no amor seu próprio alimento de vida, pode ir ao passado quando
desejar, extraindo dele experiências que lhe servem para maiores
esclarecimentos. Assim, ele aprendeu a não julgar os outros, pelos erros
cometidos, porque também errou no passado. Ele se lembra sempre da
advertência de Jesus, que disse: Não julgueis, para não serdes
julgados.
Alguns pensam que, desde quando o Espírito se encontra desencarnado, ele
se lembra de tudo, de todas as vidas passadas. É um engano; o
processo de lembranças é de acordo com as necessidades da alma. Para isso,
existe alguém que regula as nossas lembranças. É, pois, tornamos a
falar, uma ciência divina, com sublime força para despertar as criaturas.
O que provoca o esquecimento do passado é a ignorância das leis
espirituais, e o processo da gravação na consciência ainda é primária para
as devidas revelações, no que tange a todas as particularidades da escrita
interna, no livro da consciência.
Quando os fatos caem no esquecimento, é porque a sua lembrança pode nos
fazer mal. Se teimarmos, buscando aqui e ali meios para regressão da
consciência, podemos nos encontrar com o monstro que devora a nossa
alegria. A natureza é sábia, e vai nos instruindo parcimoniosamente, de
acordo com as nossas necessidades.
Toda violência adultera a verdade, e a verdade desvirtuada nos traz
problemas de difícil reparo. Quando vier a idéia de vasculhar o passado
por mera curiosidade, procuremos as lições do presente, entregando-nos a
construir, ampliando as forças para amar, perdoar e servir, que nesse
caminho as forças libertadoras vão se chegando com a sementeira da
alegria, e o porvir será encarado como a meta da felicidade. Devemos nos
lembrar das reformas que temos a fazer agora, e não nos deixar ficar
somente nas lembranças: AJAMOS!
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