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VESTE IMPRESTÁVEL
O Espírito sendo evoluído, diante do corpo que deixa no ato do
desencarnação, curva-se a ele com profunda gratidão pelo aparelho que lhe
serviu para o desempenho da sua programação na Terra. Nunca fica pensando
nele com saudade, por saber que ele já não lhe pertence, devolvendo à
natureza o que lhe foi emprestado por misericórdia divina e que,
terminando a sua tarefa, é veste imprestável.
Assim a carne em decomposição volta a seu primitivo estado de energia,
desagregando-se em busca de novas atividades, sob a orientação dos
benfeitores da eternidade.
O Espírito elevado considera a roupa física que deixou como uma dádiva de
Deus, para o seu despertar espiritual, e nunca sente repugnância pelo
estado da roupagem que acaba de devolver ao celeiro maior, que é a
natureza, pois ela se encontra em plena transformação dos elementos de
vida, pela vontade do Criador.
De certo modo, a alma sente-se feliz de livrar-se da carne, quando a
compreensão domina os sentimentos. Ela sabe, e a certeza ocupa a sua
mente, de que está avançando cada vez mais para a sua libertação
espiritual. A lei da reencarnação nos mostra que as vestes carnais são
instrumentos de ascensão do ser pensante, e que são inúmeras, por vezes
incontáveis, por mudarem de feição nos muitos mundos em que deve habitar.
Na Terra, ela é mais física, pelo estado de atraso da humanidade que a
habita, em relação aos mundos superiores. Comparamos o corpo com as vestes
que o homem usa para se cobrir, quando elas caem em desuso. Os
conhecimentos espirituais que já se adquiriram vão ficando envoltos nos
rotos panos e, por isso, alegrar-se-á o Espírito quando tiver que devolver
seu corpo ao lugar que pode aproveitá-lo pelas mãos do agente universal,
que poderá transformá-lo em utilidade comum a animais, plantas e
departamentos diversos que assistem à natureza.
Nada se perde na criação de Deus; o que parece estar se acabando aos olhos
humanos, aparece aos olhos espirituais renovado para melhor servir. Mas há
Espíritos envolvidos de tal forma na ignorância, obstinados nas rotas
vestes de carne, encontrando-se agarrados nos restos mortais, como dizes,
vivendo dramas indescritíveis no próprio campo-santo, perdendo tempo,
porém, armazenando lições para o porvir, qual o mendigo nas ruas, cuja
mente se encontra quase paralisada em duras provações, e que as suas
vestes, como quilangos, desintegram-se no seu corpo, que parece querer
libertar-se, por direito, da escravidão imposta pela incapacidade
espiritual de quem a veste.
O corpo, de certa forma, empana as qualidades da alma, mas também educa-a
em vários sentidos. E, pois, uma troca onde a matéria serve ao homem e o
homem fornece um influxo à matéria.
Devemos estudar mais a vida, meditar mais em Deus, viver mais com Jesus,
para compreendermos com mais eficiência a ciência de viver.
Depois que se liberta do corpo, o Espírito, com a devida gratidão, passa a
não se interessar mais por ele, porque dali em diante tem que saber cuidar
de sua veste, como se fora sua filha, na santificação do amor, no reino
que ele passa a pertencer.
Olhar para trás é petrificar a esperança. Enquanto estagias na carne, é
preciso que tenhas zelo por ela; que cuides dela como instrumento que Deus
te concedeu, para a tua própria felicidade; que a ames na faixa em que ela
se encontra, porque o amor é vida em todas as dimensões do viver.
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