FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME VII

 

Questão 323 comentada

CAPÍTULO 17

0323/LE

VISITAS AOS TÚMULOS

 

As visitas aos túmulos são manifestações exteriores, herdadas do primitivismo religioso das raças e culturas, para a veneração a ancestrais e entes queridos que, à medida que a conscientização da imortalidade do Espírito e a reencarnação se consolidam, pelo impositivo da razão, vão caindo em desuso. Velhos credos continuarão a sofrer modificações, e até mesmo caindo no esquecimento, pela força da lógica e do progresso, ainda que nos dias atuais muitos sintam necessidade de se postarem diante das edificações de mármore e alvenaria, para se sentirem mais próximos daqueles que já partiram para a Pátria Verdadeira. É o estágio em que se posicionam.

A natureza é excelente selecionadora, reunindo as pessoas do mesmo quilate espiritual e, guardadas as exceções nos casos de Espíritos mais esclarecidos, os choros e apegos sempre levam lembranças e sofrimentos à alma que regressou.

Na verdade, as lembranças proveitosas e úteis aos que se foram serão melhores cultivadas através das boas ações; a visita a enfermos e a encarcerados, a distribuição de alimentos e roupas aos necessitados, em nome dos que partiram, os mantê-los-ão envolvidos em vibrações benfazejas, favorecendo-os de alguma maneira, na condição em que se encontrarem. Já dizia o Mestre: “deixai os mortos enterrarem seus mortos”.

Neste assunto, destacamos a importância do Culto do Evangelho no Lar. A sua prática muda o clima espiritual do lar, de modo que os benfeitores passam a visitar com constância o ambiente evangelizado, e nele agrupar Espíritos necessitados ou esclarecidos, sofredores ou colaboradores e, entre eles, por que não os familiares e entes queridos que, “passando” pelo túmulo, regressaram à Vida Maior?

Orações são feitas para os mortos em templos, casas “santificadas”, muitas vezes como “ato santo”. Não obstante, elas não salvam qualquer pessoa. O que salva, realmente, nos ensina com lógica o Evangelho Segundo O Espiritismo, é a prática da Caridade. Porém, a oração nos encaminha para essa dama de luz que nos mostra o rumo da felicidade interna.

Quem ora com Jesus sente o dever espiritual para com Deus e o próximo. Muitos dizem que não devemos mudar o ato de levar flores aos túmulos, porque muitas famílias vivem disso. Isso é uma desculpa nascida igualmente da ignorância. Quantas famílias vivem de roubos, de assaltos e mesmo da morte de muitos? Devemos igualmente concordar, porque os fora-da-lei usam o produto do erro para alimentar seus filhos?

Para clarificar a alma devemos lutar, e mesmo sofrer de todas as formas possíveis, mas sempre no dever, na honra e na honestidade. As coisas externas não servem para acender luzes nos Espíritos. Os rituais, os cultos exteriores e mesmos as reuniões espíritas, pouco valerão, se as criaturas não mudarem interiormente.

Somente se salva da ignorância quem procurar viver os preceitos do Evangelho, deixando nascer o Cristo no coração, na santificação da caridade.

Jesus, ao deixar vazio o túmulo, visitando os companheiros de apostolado e os estimulando nas várias tarefas, definiu qual deve ser a nossa postura no que se refere a homenagens aos que já partiram: onde estivermos buscando estender a mão àqueles que sofrem, eles estarão conosco, sob a assistência amorosa do Mestre.

 

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