FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME VII

 

Questão 326 comentada

CAPÍTULO 20

0326/LE

HONRAS ILUSÓRIAS

 

O Espírito que se encontra em homogeneidade com o ideal cristão está livre das ilusões mundanas, e as honrarias que lhe são prestadas na Terra são apenas de interesse pessoal dos que lhe sobrevivem.

Quase sempre ele se desliga deste tipo de chamamento, embora possa sentir-se feliz com a sinceridade de algumas homenagens, ou quando estas possam redundar em benefício à coletividade ou favorecer o progresso das criaturas, sejam elas ou não, amigos e familiares. Por vezes, deixa de participar das homenagens em sua honra para atender chamados e ir ao encontro dos corações sofredores. É como se fosse o óbulo da viúva.

O amor fala muito mais alto do que todas as honrarias prestadas como recordação do que o Espírito fez no mundo, quando encarnado, o que para ele não passa de simples dever para com a consciência. O seu ideal é conduzir corações, onde quer que seja, para o chamado do Cristo de Deus, na volta do homem para dentro dele mesmo, aparando as arestas que conotem imperfeição ou equívoco de ordem comportamental e dirimindo as dúvidas acerca da vida eterna, na caminhada da alma no mundo espiritual.

Assim, as honrarias do mundo são tempo perdido para as almas de escol. Somente os Espíritos inferiores com elas se comprazem e inspiram outros a acompanhá-los nessas práticas.

Se para o Espírito encarnado, já razoavelmente evoluído, as estátuas e monumentos em louvor dos mortos possam ter o seu valor histórico ou cultural para a posteridade, para o desencarnado não têm o mínimo valor. Permitimo-nos até afirmar que certas homenagens, se não efetivadas, teriam evitado muita perturbação espiritual para muitos.

Além disso, os recursos despendidos com essas homenagens, se canalizados para as áreas prioritárias de necessidades, teriam favorecido a muitos que passam por toda espécie de provações.

Lamentavelmente, ainda estamos no tempo em que homens públicos, governantes e detentores de poderes vários esbanjam vultosas somas com homenagens e estátuas, em detrimento da indigência generalizada, esquecendo-se deliberadamente de investir no ser humano, favorecendo seu progresso, em todos os sentidos. Sem dúvida, serão penalizados por isso.

É certo que os que estão inseridos nos quadros de sofrimento passam por provações necessárias, o que não invalida, todavia, o dever de os mais fortes auxiliarem os mais fracos. E da prática sincera desse dever é que surgirá, inevitavelmente, a real igualdade social entre os homens.

O empenho para que o Evangelho do Cristo demore a circular no mundo, é o medo dos poderosos, dos detentores dos bens terrenos e materiais, de perderem suas propriedades em favor dos que sofrem. Contudo, com a vinda de Jesus à Terra, para os que sofrem todos os tipos de infortúnios, a perspectiva é de suavização dos jugos e de que seus fardos se tornarão mais leves. E o Cristianismo alevanta-se como a realidade do presente e para o futuro.

Sem Jesus, qualquer idéia de igualdade social se torna inadequada para a humanidade, mesmo que traga na sua essência convicções, pois os próprios homens tendem a mudar as idéias de acordo com seus sentimentos.

O Evangelho há de ser a Carta Magna de todas as nações do mundo, onde todos os homens de bem hão de se inspirar para seus projetos com vistas para o futuro, sem se preocuparem com honrarias ilusórias.

 

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