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RECOBRANDO AS FACULDADES
O Espírito não recobra suas faculdades imediatamente ao nascer. Ele ainda
não se encontra em completo domínio sobre seu corpo. O seu instrumento de
carne não lhe fornece meios para tal empreendimento.
Compete, porém, ao Espírito esperar, pois com o crescimento do corpo ele
vai recobrando paulatinamente suas faculdades espirituais, mas nunca se
apossa dos seus dons, envolvido na carne, como se estivesse em Espírito. A
alma se encontra abafada pelo amontoado de células que, mesmo vivas e em
certa plenitude de poderes energéticos, está muito aquém dos canais que o
Espírito precisa para se manifestar como Espírito livre; no entanto, é
capaz de realizar grandes coisas. Ele, o Espírito, tem intuições do que
deve fazer e, ainda mais, os benfeitores da eternidade o auxiliam
constantemente de acordo com o seu mérito.
Podemos observar uma planta no seu crescimento: antes, era semente, depois
vai tomando a forma de árvore, vindo as flores e os frutos. Assim também a
alma; a semente divina, inicialmente envolvida nas formas, vai passando
pelo fenômeno de crescimento e tomando, com o tempo a forma definida do
Espírito imortal, dentro da imortalidade de Deus. O Espírito vai domando o
corpo qual o peão que doma um potro e faz dele um companheiro de trabalho.
Depois de domesticada a casa física, ela passa a ser mais dócil ao seu
comando, e o Espírito começa a crescer, despertando as suas qualidades
nobres, que são os talentos falados pelo Evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo.
Todos sabemos que a natureza não dá saltos no empenho de crescer. É nesse
trabalho que se encontra a ponderação, a ciência, de modo a compreendermos
que a alma, gradativamente com o corpo, vai despertando as lembranças,
mesmo em forma embaçada, daquilo que ela é e as promessas feitas no mundo
espiritual. Aquilo que assinamos ao descer para a Terra vem ao nosso
encontro pelos canais da intuição, de modo que a cada dia somos
conscientes dos nossos caminhos a percorrer.
A encarnação é uma vestimenta grosseira de matéria. Embora divina na sua
expressão, ela é rude ante o Espírito que ainda desconhecemos na sua
plenitude; porém, ele desenvolve suas qualidades mediante os obstáculos
que vai encontrando, para tomar-se um sol, em manifestação do Sol Maior.
Já falamos muitas vezes e tornamos a dizer: para nos libertar, devemos
começar pelo esforço de cada dia que mãos invisíveis não faltarão na
"operação subida". Todos temos, encarnados e desencarnados, um calvário
a subir e uma cruz para ser carregada, e isso deve ser motivo de glória
para todas as criaturas de Deus.
O Espírito encarnado está em uma existência nova, com novas tarefas a
desempenhar para o seu próprio bem e da humanidade. A doutrina dos
Espíritos, sendo o Cristianismo original, nos possibilita a paz interna,
mas mostrando-nos as vias internas para alcançarmos essa tranqüilidade
imperturbável. O Espírito somente desabrocha as suas faculdades na sua
plenitude quando se tornar Espírito superior e, para tanto, existe uma
jornada a avançar, de modo que o Cristo desperte em nós motivo de luz para
os corações em festa.
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