FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME IX

 

Questão 438 comentada

CAPÍTULO 30

0438/LE

USO DAS FACULDADES

 

O uso das faculdades com que Deus dotou o Espírito influi muito na sua vida depois da morte; são as nossas ações que nos abrem ou fecham os caminhos, direcionando a nossa libertação ou prisão. É nesta assertiva que o Espiritismo vem acordar os que dormem e instruir os ignorantes, de modo a saber fazer uso de sua mediunidade em todos os rumos.

Diz o Evangelho: “Daí de graça, o que de graça recebestes”. As faculdades espirituais todos as temos e recebemos de Deus por misericórdia, de graça; portanto, devemos usá-las em benefício do nosso próximo, sem pensarmos em recompensa. Não consta no Evangelho, que Jesus recebeu alguma coisa pelas curas que fez, que foram milhares. Ele, o Doador Divino, ainda ensinava a Seus discípulos que se alguém lhes tomasse a túnica, que deveriam dar também a capa, e a quem lhes pedisse alguma coisa emprestada, não deveria ser cobrada. Àqueles que pretendiam ser Seus seguidores, dizia: “Dai tudo que tendes e segui-me”.

O médium que deseja cobrar pelo seu trabalho não é digno do salário divino, porque já recebeu a sua recompensa. A caridade, para ser real, nada pode exigir em troca. A verdadeira caridade tem como caminho certo o amor. Compete a todos os trabalhadores do Evangelho, na sua área, fazer desaparecer o comércio para surgir a fraternidade.

Usemos as nossas faculdades onde quer que seja, sem especular condições. Se procurarmos vender os dons, eles poderão trazer aflições para as nossas estradas para o além. O ajuste de contas com a consciência é bem difícil, porque dentro dela está instalada a justiça. Ninguém engana a ninguém, quanto mais a si mesmo. A mente registra tudo que faz no ambiente do coração e nos fluidos sensíveis do éter cósmico, que é o hálito de Deus.

Aquele que veio ao mundo com o dom da mediunidade, deve analisar bem o que vai fazer dela. Os campos são abertos para o trabalho. Procuremos Jesus em todos os nossos serviços que estamos a fazer, pois sem o Mestre dos mestres poderemos nos perder. Confiemos em Deus e em nós, e depois façamos alguma coisa para melhorar porque, sem o esforço próprio e a auto-educação todos os dias, como conquistar a paz? A paz de consciência tem um preço: o amor e a caridade.

Não devemos esconder os talentos recebidos: eles são dons divinos. Se viemos chorando da espiritualidade, devemos voltar sorrindo, como um completista. Quem cumpre seus deveres, tem a paz como vitória e a luz como ouro de Deus para o seu coração. Mesmo que sofra no mundo da carne, não esmoreça: busque o melhor, esforçando-se para melhorar, que as mãos de Jesus ampará-lo-ão na subida do calvário. Em atravessando o túmulo, a sua consciência iluminar-se-á como a dizer, repetindo Paulo: “O Cristo em mim é motivo de glória”.

Quando o Cristo nascer nos corações, o reino dos céus estará a palpitar em toda a humanidade e a Terra iluminada, como uma estrela de primeira grandeza. Falamos do Evangelho, anunciamos a Boa Nova de Jesus, e por vezes damos a própria vida por ela, mas, se não passarmos à vivência desse Evangelho, pouco valerão os nossos esforços teóricos.

 

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