FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME IX

 

Questão 443 comentada

CAPÍTULO 35

0443/LE

O EXTÁTICO E A REALIDADE

 

Tratando dessa faculdade extraordinária que é o êxtase, podemos dizer que nem tudo o que o extático vê é real; no entanto, quase tudo se mostra dentro da realidade que ocupa a sua mente, mais ou menos ligada à Terra. Entretanto, essas diferenças ou falhas se assim podemos chamá-las, existem em todas as funções mediúnicas, de todos os médiuns sem exceção. Todas as modalidades de paranormalidade sensorial pertencem a uma escala de elevação, de pureza medianímica. O único médium sem mácula que pisou na Terra foi Nosso Senhor Jesus Cristo; todos os outros pertencem à escala, onde podem existir falhas humanas, ou mesmo Espíritos que ainda não dominam a verdade, no padrão que lhes é necessário. Todos estamos na escola, procurando o aperfeiçoamento espiritual.

A filtragem mediúnica pode também apresentar deficiências. Os médiuns precisam do amparo dos leitores, na compreensão e em suas preces endereçadas a todos os sensitivos em funções mediúnicas. Ocorre o mesmo com o médium psicógrafo: o medianeiro se encontra em operação de despertar, tem suas provas e se esforça para melhorar. É uma criatura igual às outras, com as mesmas necessidades.

O uso de variados dons, principalmente para o médium psicógrafo, pode facilitar certas interferências, de modo a misturar verdades que poderiam, se não fosse isso, sair dos seus canais mediúnicos como as claridades do sol. Antes de criticar certas falhas mediúnicas, devemos cooperar com os médiuns em função, para que a verdade possa surgir com mais nitidez nos caminhos da Doutrina Espírita. Os médiuns e os espíritas, em geral, precisam estudar, trabalhar e servir com grande empenho, para que surja o amor nos seus caminhos, porque somente quem ama dentro do amor universal é que compreende com mais propriedade a lição valiosa do Cristo de Deus.

Em se falando do extático, ele pode confundir as coisas que vê com as do mundo que habita, e com as quais está envolvido. O condicionamento é uma verdade, que pode interferir na filtragem que ele recebe do mundo espiritual. Somente um mundo de pureza espiritual não tem ambiente para as dúvidas e as comunicações traduzem a realidade.

Para ficar envolvido pela verdade, é necessário que se procure a verdade, que ela aparecerá. Quando o aluno está pronto, é da justiça que o mestre surja em sua intimidade a lhe dizer a verdade, no sentido de libertá-lo das amarras da ignorância. Para se encontrar com a realidade, é preciso perseverar nas linhas de Jesus. Se aparecerem os obstáculos, é sinal de que se está caminhando certo.

Se a dor surgir a nos visitar, entendamo-la como estímulo para prosseguir. Os infortúnios, já o dissemos alhures, não erram o endereço do devedor. Pagando as dívidas, ficaremos livres do credor.

É de noção comum que devemos falar da realidade, dizer a verdade para os ouvidos alheios, mas, quando alguém fala para os nossos ouvidos, vêm à tona os melindres. Eis aí a marca da nossa inferioridade. Analisemos o que ouvimos, que encontraremos algo educativo nos sons recolhidos pela audição. A natureza não perde tempo, e as lições ministradas por ela são luzes que clareiam os nossos caminhos para a eternidade. A vida para a frente e para o alto consiste em cair e levantar, errar e acertar, e é nesta seqüência que os dons espirituais despertam em nossos corações, de modo a mostrar ao mundo e à humanidade que encontramos o Cristo, luz de Deus libertando-nos para sempre.

Estamos em busca do real, mas, antes passamos pelas ilusões. Elas é que nos mostram a grandeza da verdade. O homem de imaginação fértil pelo desenvolvimento intelectual, é mais fácil de ser enganado pela força da sua criação.

 

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