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O EXTÁTICO E A REALIDADE
Tratando dessa faculdade extraordinária que é o êxtase, podemos dizer que
nem tudo o que o extático vê é real; no entanto, quase tudo se mostra
dentro da realidade que ocupa a sua mente, mais ou menos ligada à Terra.
Entretanto, essas diferenças ou falhas se assim podemos chamá-las, existem
em todas as funções mediúnicas, de todos os médiuns sem exceção. Todas as
modalidades de paranormalidade sensorial pertencem a uma escala de
elevação, de pureza medianímica. O único médium sem mácula que pisou na
Terra foi Nosso Senhor Jesus Cristo; todos os outros pertencem à escala,
onde podem existir falhas humanas, ou mesmo Espíritos que ainda não
dominam a verdade, no padrão que lhes é necessário. Todos estamos na
escola, procurando o aperfeiçoamento espiritual.
A filtragem mediúnica pode também apresentar deficiências. Os médiuns
precisam do amparo dos leitores, na compreensão e em suas preces
endereçadas a todos os sensitivos em funções mediúnicas. Ocorre o mesmo
com o médium psicógrafo: o medianeiro se encontra em operação de
despertar, tem suas provas e se esforça para melhorar. É uma criatura
igual às outras, com as mesmas necessidades.
O uso de variados dons, principalmente para o médium psicógrafo, pode
facilitar certas interferências, de modo a misturar verdades que poderiam,
se não fosse isso, sair dos seus canais mediúnicos como as claridades do
sol. Antes de criticar certas falhas mediúnicas, devemos cooperar com os
médiuns em função, para que a verdade possa surgir com mais nitidez nos
caminhos da Doutrina Espírita. Os médiuns e os espíritas, em geral,
precisam estudar, trabalhar e servir com grande empenho, para que surja o
amor nos seus caminhos, porque somente quem ama dentro do amor universal é
que compreende com mais propriedade a lição valiosa do Cristo de Deus.
Em se falando do extático, ele pode confundir as coisas que vê com as do
mundo que habita, e com as quais está envolvido. O condicionamento é uma
verdade, que pode interferir na filtragem que ele recebe do mundo
espiritual. Somente um mundo de pureza espiritual não tem ambiente para as
dúvidas e as comunicações traduzem a realidade.
Para ficar envolvido pela verdade, é necessário que se procure a verdade,
que ela aparecerá. Quando o aluno está pronto, é da justiça que o mestre
surja em sua intimidade a lhe dizer a verdade, no sentido de libertá-lo
das amarras da ignorância. Para se encontrar com a realidade, é preciso
perseverar nas linhas de Jesus. Se aparecerem os obstáculos, é sinal de
que se está caminhando certo.
Se a dor surgir a nos visitar, entendamo-la como estímulo para prosseguir.
Os infortúnios, já o dissemos alhures, não erram o endereço do devedor.
Pagando as dívidas, ficaremos livres do credor.
É de noção comum que devemos falar da realidade, dizer a verdade para os
ouvidos alheios, mas, quando alguém fala para os nossos ouvidos, vêm à
tona os melindres. Eis aí a marca da nossa inferioridade. Analisemos o que
ouvimos, que encontraremos algo educativo nos sons recolhidos pela
audição. A natureza não perde tempo, e as lições ministradas por ela são
luzes que clareiam os nossos caminhos para a eternidade. A vida para a
frente e para o alto consiste em cair e levantar, errar e acertar, e é
nesta seqüência que os dons espirituais despertam em nossos corações, de
modo a mostrar ao mundo e à humanidade que encontramos o Cristo, luz de
Deus libertando-nos para sempre.
Estamos em busca do real, mas, antes passamos pelas ilusões. Elas é que
nos mostram a grandeza da verdade. O homem de imaginação fértil pelo
desenvolvimento intelectual, é mais fácil de ser enganado pela força da
sua criação.
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