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PERMANÊNCIA DA SEGUNDA VISTA
A segunda vista não é permanente, sendo-o somente a faculdade, que
é um dom inerente à alma; mas, o estado de ver obedece ao exercício.
No assunto que ventilamos, podemos sentir o seguinte exemplo: um escritor
tem a faculdade permanente, mas a escrita não; ela surge somente quando a
exercita, quando quer escrever. Assim é a dupla vista nos seres encarnados
ou fora da carne. Pode-se dizer que é a vontade de ver; quando passa a
vontade, cessa a visão.
Todavia, em mundos mais adiantados que a Terra, a visão é permanente,
porque a alma se encontra mais espiritualizada. Os laços que a prendem ao
fardo que lhe servem ficam mais frouxos, e não encontram no corpo certos
embaraços que tolhem a visão da alma.
Todos caminhamos para esse estado; o aperfeiçoamento é gradativo, mas
permanente. A alegria e a esperança se encontram nas revelações das leis
espirituais, que nos dizem não haver retrocesso. Diz “O Livro dos
Espíritos”: “a alma pura tem uma consciência imperturbável”. É para esse
estado divino que todos nós avançamos. Uma tranqüilidade imperturbável
constitui uma porta para a felicidade, onde o Espírito vive no céu dele
mesmo.
Com a evolução das criaturas, o mundo que elas habitam forçosamente subirá
de escala. Se a alma intelectualiza a matéria, ela, por força de lei,
espiritualiza os elementos, que chegam a alcançar a fluidez. O progresso
se faz em tudo: não somente no Espírito, como também em suas vestes, que
cada vez mais atingem estado rarefeito. Um mundo espiritualizado vive sob
as mesmas leis, mas, também dinamizadas, se esse pode ser o termo, de modo
que até as formas cedem a algumas mudanças. Se nesse mundo não se precisa
da palavra falada, certamente que esse dom passa a se atrofiar,
expressando o verbo em outra dimensão de entendimento. Assim como os
ouvidos, os próprios membros dos corpos que sucedem uns aos outros... As
mudanças vêm por força da necessidade.
A mesma forma não é permanente. As leis nos forçam às mudanças na pauta da
vida que contínua sempre em todas as direções.
A razão nos diz que em mundos adiantados, onde se vive espiritualizado,
onde as paixões inferiores já desapareceram, somente deixando alguns
vestígios, ninguém entrava a evolução. Ela é lei de Deus, para a paz dos
Seus filhos. Compreende-se, pois, que somos todos agraciados pelas leis,
que nos ajudam a corrigir os nossos enganos e a estabilizar nossas forças
espirituais. É bom que confirmemos todos os dias os nossos feitos, e se
alguma coisa saiu errada, a reparemos com urgência, que o Céu sempre ajuda
aos de boa vontade. O erro é transitório em todas as circunstâncias, mas,
o bem é permanente em todas as direções da vida espiritual.
Filosoficamente falando, devemos aplicar a dupla vista aos nossos erros, e
não ter visão ampliada para ver os defeitos alheios. Convém a todos os
seres aproveitar as oportunidades de melhorar que Jesus nos concede.
Confirmemos de vez em quando nossas forças no bem comum e, se firmes,
avancemos trabalhando com Jesus, que o Mestre nunca abandona Seus
tutelados em caminho.
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